Agência France-Presse
postado em 19/08/2010 11:00
A última brigada de combate dos Estados Unidos deixou o Iraque nesta quinta-feira (19/8), mas 50 mil soldados americanos permanecerão no país para treinar as Forças Armadas iraquianas."Os últimos soldados cruzaram a fronteira por volta das 6h (0h de Brasília)", declarou à AFP o tenente-coronel Eric Bloom, porta-voz militar americano, quase sete anos e meio depois da invasão liderada por Washington e após a morte de centenas de milhares de pessoas.
"É a última brigada de combate, o que não quer dizer que não existam mais tropas de combate no Iraque", acrescentou o porta-voz.
"Ainda restam alguns dias para limpar e preparar os equipamentos, alistá-los para o envio e depois partir para os Estados Unidos", completou Bloom.
[SAIBAMAIS]Os 360 veículos e 1,2 mil soldados precisaram de dois dias para viajar até a fronteira a partir de Camp Liberty, nas proximidades de Bagdá, e Camp Taji, na zona norte da capital. Os outros 4 mil oficiais já haviam deixado o país de avião.
O capitão Russell Varnado, de Camp Arifjan, uma base 70km ao sul do Kuwait, indicou à AFP que as tropas se preparam para retornar em breve para casa, mas sem revelar a data precisa.
O Kuwait abriga, no deserto perto da fronteira com o Iraque, vários acampamentos militares americanos e uma base naval, que foram utilizados durante a invasão do Iraque em 2003.
Quase 56 mil soldados americanos continuam no Iraque, mas o número vai cair a 50 mil até 1; de setembro.
Nessa data, Washington dará por encerrada a missão de combate e passará a uma de treinamento e assessoria das tropas iraquianas. A missão americana mudará o nome de "Operação Liberdade Iraquiana" para "Operação Novo Amanhecer".
Os 6 mil soldados restantes estão espalhados por todo o país, segundo a capitã Sarah Baumgardner, porta-voz do exército.
"Continuaremos com nossa retirada responsável até alcançá-la em 1; de setembro", afirmou o general Stephen Lanza ao canal MSNBC. Lanza destacou que o objetivo passará "de operações de combate para operações de estabilização".
Os 50 mil militares americanos que permanecerão no Iraque deverão deixar o país no fim de 2011 em virtude de um acordo assinado pelos dois países em novembro de 2008.
O porta-voz do Departamento de Estado, Philip Crowley, destacou a MSNBC o que chamou de "momento histórico", mas ressaltou que o compromisso de Washington no Iraque é sólido e de longo prazo.
"Não o fim de algo, e sim uma transição para algo diferente", declarou Crowley, no momento em que a emissora exibia imagens de veículos blindados cruzando a fronteira.
O conflito no Iraque, que matou a 4,4 mil americanos e resultou em gastos de US$ 1 trilhão, tem um "custo elevado", segundo Crowley.
Em um documento com data de 18 de agosto, disponibilizado no site da Casa Branca, o presidente Obama celebra o fim da missão de combate, sem fazer referência à data de saída das últimas unidades de combate.
O comandante do Estado-Maior iraquiano, general Babaker Zebari, advertiu que a retirada total do exército americano no fim de 2011 será prematura, porque na opinião dele as forças nacionais não terão condições de garantir plenamente a segurança do país antes de 2020.
A retirada ocorre no momento em que o Iraque passa por uma profunda crise política: cinco meses depois das eleições legislativas, os dois principais partidos políticos não chegam a um acordo para formar um novo governo.