postado em 19/08/2010 11:56
Moamba (Moçambique) - As equipes que trabalham na desativação de minas terrestres em Moçambique são formadas por sete pessoas, entre supervisor, desminadores e paramédicos, preparados em cursos que duram três semanas. Eles trabalham oito horas por dia, agachados no chão. Muitas são mulheres.;É perigoso sim;, diz Martinha Imaculada, desminadora há cerca de um ano. "Mas, seguindo as regras, torna-se seguro;. Ela nunca sofreu ou presenciou um acidente.Dentro da área de desminagem é proibido fumar, correr ou atirar objetos no solo. Só se entra nela de colete blindado e máscaras plásticas apropriadas.
O processo começa com a captação de informações nas comunidades próximas, para delimitação do espaço a ser vasculhado. O terreno é então cercado por estacas vermelhas, que indicam que o local ainda não foi liberado. O próximo passo é cortar o mato. Ajoelhado no chão, o técnico, então, passa o ;sapador; - instrumento que apita ao identificar peças de metal ; seis vezes sobre exatamente 1 metro quadrado de terreno. Se nada é encontrado, segue-se para o metro quadrado seguinte. A região só é liberada depois de o supervisor e o chefe de operações também checarem o local.
[SAIBAMAIS]O sapador consegue localizar explosivos a até 20 centímetros de profundidade. Caso haja a suspeita de que as minas estejam abaixo disso, escavadores blindados retiram a terra e espalham os montes no chão, para serem vasculhados manualmente mais uma vez. Caso sejam encontradas minas, elas são destruídas no mesmo local, detonadas por explosivos plásticos.
Durante a visita da reportagem da Agência Brasil ao campo em Moamba, duas minas foram localizadas e destruídas nas proximidades da torre de número 137, a poucos metros de uma estrada de terra, usada por agricultores e moradores da região. Os explosivos eram do tipo PMN, minas antipessoais detonadas por pressão, de fabricação russa. Cada uma tinha cerca de 240 gramas de explosivo TNT. Para o acionamento, basta colocar sobre ela um peso maior ou igual a 8 quilos - o equivalente a uma criança de cerca de 8 meses.
;Tem dia que tiramos dez, 15 minas da área", diz o supervisor Tomás Pantaleão. "Mas, pelo menos, saem três ou quatro por dia".
Moçambique ainda tem longas áreas a serem desminadas. Além da linha de transmissão de energia de Moamba (cerca de 200 quilômetros), praticamente toda a fronteira entre Moçambique e o Zimbábue (cerca de 2 mil quilômetros) ainda deve passar pelo processo.
Segundo estimativas das entidades internacionais de direitos humanos, a cada 20 minutos explode uma mina terrestre e fere pelos menos uma pessoa em algum lugar do mundo.