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Secretário-geral diz que Foro de São Paulo é espaço apenas para debates

postado em 20/08/2010 11:42
Buenos Aires - Depois de quatro dias de reuniões que debateram temas como a fundação de escolas e centros de capacitação, políticas de defesa regional e continental, o meio ambiente e as mudanças climáticas, a democratização dos meios de comunicação e a soberania nacional, o Foro de São Paulo termina nesta sexta-feira (20/8) com a divulgação do seu documento final.

De acordo com o secretário-geral do evento, Valter Pomar, o Foro deve ser entendido não como um partido político, mas como um espaço de debates e de articulações entre agremiações políticas que, em outras regiões do mundo, não se sentam para conversar. O Foro de São Paulo reuniu em Buenos Aires cerca de 200 representantes de países latino-americanos e caribenhos governados pelos partidos de esquerda, progressistas e populares.

"Na Europa, os partidos social-democrata e comunistas têm organizações separadas e dificilmente cooperam entre si. No Foro de São Paulo, nós temos partidos democráticos, nacionalistas, populares, socialistas, comunistas - um leque muito diversificado. Essa diversidade é um dos fatores que explica a sobrevivência e o sucesso do Foro em seus 20 anos de existência", disse à Agência Brasil.

O Foro foi criado em 1990, numa época, segundo Pomar, muito difícil para a esquerda porque na América Latina a maioria dos governos era neoliberal. Além disso, havia uma crise do socialismo no Leste Europeu e era, também, "um momento em que os Estados Unidos, frente ao iminente desaparecimento da União Soviética, estavam atuando como se fossem uma espécie de polícia mundial".

Pomar disse que a história do Foro pode ser registrada em três momentos: até 1998, quando foi basicamente um espaço de resistência contra o neoliberalismo; de 1998 até 2009, quando o evento foi um espaço que colaborou na conquista de governos nacionais; e de 2009 em diante, quando o Foro registra uma tripla tarefa. ;A primeira é consolidar os governos que nós conquistamos. Depois, continuar trabalhando para conquistar novos governos na América Latina e, finalmente, enfrentar e derrotar esse movimento que a direita europeia, estadounidense e latino-americana está fazendo de tentar recuperar a Presidência da República dos países governados pela esquerda", disse Pomar.

De acordo com o secretário-executivo do Foro de São Paulo, nos últimos dez anos muitos países da América Latina passaram a ser governados pela esquerda. "Passado o primeiro momento de susto, a direita tenta recuperar o espaço que perdeu. Isso é legítimo, faz parte das regras do jogo."

Um dos temas mais polêmicos debatidos no Foro de São Paulo é a democratização da informação, assunto que, segundo Pomar, é sempre debatido nas reuniões da entidade. "A informação não pode ser monopólio de algumas pessoas ou empresas. Ela é fundamental, como é o direito à água, à educação, à saúde. Portanto, cabe ao Poder Público garantir esse direito."

Pomar afirmou que o ideal é a existência da liberdade plena, mas esse direito não deve ser confundido com liberdade de imprensa. "As empresas não podem fazer qualquer coisa que desejam. É preciso evitar a propriedade cruzada, que é um dos mecanismos mais danosos do monopólio. Isso acontece quando as empresas são donas, ao mesmo tempo, de emissoras de rádio e de televisão, meio impresso, editoras. Isso cria uma voz única e elimina a pluralidade. A democratização da informação não é uma pauta nossa, mas nós a compartilhamos, quando se trata de garantir a democracia e o pleno acesso à informação", defendeu.

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