Agência France-Presse
postado em 20/08/2010 15:58
Israelenses e palestinos retomarão as conversas diretas de paz em Washington a partir de 2 de setembro, com a meta de alcançar em um ano um acordo para a criação de um Estado palestino, afirmou a secretária de Estado americana, Hillary Clinton."Convidei o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, a se reunir em 2 de setembro em Washington DC para relançar as negociações diretas e sem pré-condições", declarou Hillary em coletiva de imprensa.
[SAIBAMAIS]O presidente Barack Obama será anfitrião do diálogo, do qual também participarão o presidente egípcio, Hosni Mubarak, e o rei da Jordânia, Abdulah II, cuja "liderança e compromisso com a paz será essencial para que consigamos êxito" nas conversas, disse Hillary.
Netanyahu indicou em um comunicado que recebia "favoravelmente o convite dos Estados Unidos de iniciar negociações diretas (com os palestinos) sem condições prévias", algo que deseja "há 18 meses".
Até agora, Abbas se negava a se sentar na mesa de negociações com Israel sem um cessar prévio da colonização israelense, um fim do bloqueio contra a Faixa de Gaza, assim como garantias sobre as fronteiras de um futuro Estado palestino.
O diálogo direto entre israelenses e palestinos foi suspenso em dezembro de 2008, depois de uma operação militar de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza.
Palestinos e israelenses tiveram discussões indiretas, com a ativa participação do enviado americano para o Oriente Médio, George Mitchell.
Do lado palestino, o Hamas rejeitou o convite "enganoso" dos Estados Unidos ao diálogo direto, segundo disse à AFP o porta-voz, Sami Abú Zuhri.
Hillary disse que a meta é "resolver todos os assuntos (...) que consideramos que podem ser solucionados durante um ano", em alusão a temas como as fronteiras de um futuro Estado palestino, o status dos refugiados palestinos e o futuro de Jerusalém.
Mesmo assim, disse que tanto ela como o presidente Obama, assim como Netanyahu e Abbas, dividem "o objetivo de dois estados, Israel e Palestina, vivendo um ao lado do outro com paz e segurança".
A nova rodada de negociações - que recebeu o firme apoio do Quarteto para o Oriente Médio (União Europeia, Nações Unidas, Estados Unidos e Rússia) - "deverá ter lugar sem pré-condições" e "se caracterizará pela boa fé e por um compromisso para que tenham sucesso", destacou Hillary.
A chefe da diplomacia americana instou todas as partes a dar passos para avançar no esforço e não dificultá-lo. "Houve dificuldades no passado. Haverá dificuldades no futuro. Sem nenhuma dúvida, teremos novos obstáculos. Os inimigos da paz continuarão tentando nos derrotar e interromper essas conversas", advertiu Hillary. "Mas peço às partes que preservem, que continuem avançando ainda por meio dos momentos difíceis, e que continuem trabalhando para alcançar uma paz justa e duradoura na região", completou.
Obama participará em 1; de setembro de reuniões bilaterais com os quatro líderes - Netanyahu, Abbas, Mubarak e o rei Abdulah, que serão seguidas de um jantar coletivo, completou a secretária de Estado americana. O representante do Quarteto para o Oriente Médio, o ex-premier britânico Tony Blair, foi convidado para o jantar.
Hillary convidou Netanyahu e Abbas ao Departamento de Estado para um encontro trilateral em 2 de setembro para relançar as conversas diretas.
Em Bruxelas, a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, disse que "as partes devem trabalhar rápido e fortemente sobre todos os assuntos" pendentes para "cumprir o chamado do Quarteto de alcançar uma solução negociada em um ano".
Em um comunicado emitido simultaneamente nas Nações Unidas, em Nova Iorque, o Quarteto para o Oriente Médio - União Europeia, Nações Unidas, Estados Unidos e Rússia - reafirma firme apoio às negociações diretas entre as duas partes, que devem terminar dentro de um ano.
A Casa Branca informou hoje (20/8) estar "muito esperançosa" pelo relançamento em setembro das conversas diretas de paz entre israelenses e palestinos.