Agência France-Presse
postado em 21/08/2010 13:50
As negociações diretas de paz entre Israel e a Autoridade Palestina, cujo início está previsto para 2 de setembro, fracassarão se a colonização israelense não for suspensa, advertiram este sábado autoridades políticas israelenses e palestinas."Sem um cessar total da colonização israelense e uma verdadeira disposição de se retirar" dos territórios ocupados "se tratará de uma perda de tempo para todos", declarou o deputado Haim Oron, do partido de esquerda opositor Meretz, em entrevista por rádio.
O chefe dos negociadores palestinos, Saeb Erakat, advertiu por sua vez, no sábado, que "enquanto o governo israelense não tiver parado a conolização e a demolição de residências em Jerusalém oriental (ocupada e anexada por Israel), não estaremos em condições de continuar o diálogo".
A rádio pública israelense informou que os negociadores israelenses insistiriam especialmente no fato de que o futuro Estado palestino seja desmilitarizado, dotado de uma polícia levemente armada e que Israel mantenha uma presença na fronteira entre Cisjordânia e a Jordânia.
Os israelenses exigirão, ainda, uma promessa dos palestinos de não fazer acordos de defesa com países hostis a Israel, acrescentou a rádio.
As conversações de paz diretas entre israelenses e palestinos serão retomadas em 2 de setembro, em Washington, na presença do presidente egípcio e do rei da Jordânia, e podem terminar "daqui a um ano", anunciou na sexta-feira a secretária de Estado americana, Hillary Clinton.
Além disso, o Quarteto para o Oriente Médio (Estados Unidos, Rússia, União Europeia e Estados Unidos) convidou as duas partes a retomar as negociações diretas, estimando também que o diálogo poderia terminar dentro de um ano.
O premier israelense, Benjamin Netanyahu, publicou um comunicado, dizendo-se de acordo com "o esclarecimento americano sobre discussões sem condições".
O comitê-executivo da OLP anunciou esta sexta-feira que "aceitava um reinício das negociações diretas com Israel, conforme o comunicado do Quareto".
O movimento Hamas, que controla a Faixa de Gaza, ao contrário, disse rejeitar este diálogo.
"O povo palestino não se sentirá comprometido pelos resultados deste convite enganoso, após a experiência de Anápolis, na qual nos prometeram um Estado palestino no ano que nunca chegou", disse à AFP Sami Abu Zuhri, porta-voz do Hamas.
Zuhri fez menção ao lançamento formal das negociações de paz entre o presidente palestino, Mahmud Abbas, e o então premier israelense, Ehud Olmert, em novembro de 2007, nos Estados Unidos, após um congelamento de sete anos.
Desde maio, há negociações indiretas celebradas por intermédio do emissário americano, George Mitchell.
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, disse que as próximas conversações em Washington entre israelenses e palestinos são uma oportunidade para a paz que "não deve ser desperdiçada".
Ban "recebe com satisfação a decisão do primeiro-ministro israelense, (Benjamín) Netanyahu, e do presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, para iniciar negociações diretas, após a declaração do Quarteto e por convide do governo dos Estados Unidos", disse a ONU em um comunicado.
O secretário-geral da ONU "acredita que as negociações são a única maneira de que as partes resolvam todas as circunstâncias relativas ao estatuto definitivo e insta as duas partes a demonstrarem valor de liderança e responsabilidade para cumprir as aspirações dos dois povos.
"Todos devemos ser conscientes de que esta é uma oportunidade que não deve ser desperdiçada", diz o comunicado.