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Usina nuclear é a prova de que Teerã não precisa enriquecer urânio

postado em 22/08/2010 10:01
O Irã colocou em funcionamento na madrugada de ontem seu primeiro reator nuclear na cidade de Busherh, ao sul do país, e engenheiros iranianos e russos carregaram a usina com sua primeira carga de 165 barras de combustível. A inauguração provocou críticas de países europeus ao regime islâmico. O governo francês considerou que o início das atividades da usina nuclear demonstra que o Irã não precisa manter suas atividades de enriquecimento de urânio. ;É uma mostra que Teerã não tem nenhuma necessidade de enriquecer urânio para se beneficiar de energia nuclear civil;, alfinetou o porta-voz do Ministério de Exteriores francês.

A usina iraniana, construída por engenheiros russos às margens do Golfo Pérsico, também foi alvo de atenção dos britânicos. Em comunicado oficial, o secretário de Estado britânico de Relações Exteriores, Alistair Burt, recordou que o Reino Unido sempre respeitou o direito do Irã a desenvolver um programa nuclear exclusivamente civil, mas exigiu mais detalhes sobre todos os aspectos do programa nuclear ;para acabar com a inquietude internacional criada com o funcionamento da usina de Bushehr;.

O Irã e a Rússia garantem que o funcionamento da usina será apenas para gerar eletricidade e que não há fins militares. Segundo Burt, ;até que o Irã suspenda a proliferação de suas atividades nucleares;, Teerã desrespeita seis resoluções do Conselho de Segurança da ONU e terá que assumir o custo econômico das sanções. Segundo Burt, o início das atividades de Bushehr também prova que as sanções impostas pela comunidade internacional não buscam privar a República Islâmica de seu direito a desenvolver energia nuclear com fins pacíficos.

Estados Unidos
Na semana passada, o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, também afirmou que o fato do reator poder funcionar somente com combustível russo prova que ;o Irã não precisa de capacidade própria de enriquecimento, para um programa nuclear para fins pacíficos, como o país defende;. Por outro lado, o Departamento de Estado americano ressaltou ontem que os EUA não veem ;risco de proliferação nuclear; com o funcionamento da nova usina, que analistas consideram uma tentativa de acalmar os ânimos do governo israelense de Benjamin Netanyahu. ;Reconhecemos que o reator de Bushehr foi projetado para proporcionar energia nuclear civil e não o vemos como um risco de proliferação;, indicou o porta-voz do Departamento de Estado, Darby Holladay, e reiterou que, como o reator tem finalidade claramente civil, o ;Irã não necessita de uma capacidade própria de enriquecimento de urânio;.

Na sexta-feira, funcionários americanos iniciaram um giro por oito países, entre eles o Brasil, para insistir na aplicação das sanções impostas ao Irã pela ONU. A delegação, integrada por representantes do Tesouro, do Departamento de Estado e da Casa Branca, visitará Bahrein, Equador, Japão, Líbano, Coreia do Sul, Turquia e Emirados Árabes Unidos para alertar que os bancos estrangeiros põem em risco seu acesso ao sistema financeiro americano se continuarem fechando negócios com empresas iranianas.

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