postado em 22/08/2010 13:09
Os governos de Colômbia e Venezuela anunciaram ontem (21/8) a criação de mecanismos de comunicação permanentes entre seus ministros de Defesa para combater grupos irregulares que transitam na extensa fronteira entre os dois países, problema que se converteu no pivô de uma crise entre as duas nações.De acordo com a BBC Brasil, a decisão foi tomada em uma reunião de trabalho entre funcionários dos dois governos com o presidente venezuelano Hugo Chávez, com o objetivo de reativar as relações políticas e econômicas entre Caracas e Bogotá, depois de superada a crise diplomática. O chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, disse que as equipes conversaram com "bastante franqueza" sobre temas relacionados ao combate ao narcotráfico e a "distintos grupos de caráter irregular", em referência a grupos guerrilheiros e à atuação de paramilitares colombianos.
"Ficou estabelecido um mecanismo de comunicação permanente entre os ministros da Defesa para abrir espaços que gerem confiança entre as instituições encarregadas de cuidar da segurança de nossos países e da fronteira especificamente", afirmou Maduro, na sede da chancelaria, em Caracas.
Foram instaladas cinco comissões que trabalharão nos seguintes temas: pagamentos de dívidas e relançamento das relações comerciais; acordos de complementação econômica; investimentos sociais na zona fronteiriça; desenvolvimento conjunto de infraestruturas e proteção e segurança das fronteiras. Na prática, essas comissões representam mecanismos de reaproximação após a ruptura diplomática entre Colômbia e Venezuela, no final de julho.
No caso do pagamento da dívida da Venezuela com empresários colombianos, o governo venezuelano se comprometeu em pagar "rapidamente" US$ 200 milhões. O restante, estimado em US$ 600 milhões, passará por uma auditoria. O governo venezuelano questiona o montante, ao argumentar que a suposta dívida é resultado de superfaturamento no processo de importações de produtos colombianos pela Venezuela.
Também ontem, na sede do governo, Chávez disse estar "satisfeito" com a reaproximação entre os países e disse "pedir a Deus" que não apareçam no caminho "aqueles que pretendem fazer com que briguemos ou que plantem dificuldades" para o restabelecimento de relações plenas com o governo de Juan Manuel Santos. "Que se imponha entre nós o afeto, a boa fé e a vontade de trabalhar juntos e de restabelecer plenamente as relações entre os países", afirmou Chávez. A chanceler colombiana, Maria Ángela Holguín, disse que Colômbia e Venezuela "estão dando passos na direção correta, passos duradouros".
A acusação do governo do então presidente colombiano Álvaro Uribe sobre a suposta presença de acampamentos guerrilheiros na Venezuela foi o pivô da crise que levou à ruptura de relações diplomáticas entre Caracas e Bogotá. Ao assumir o poder na Colômbia, Juan Manuel Santos disse que a normalização das relações com a Venezuela era uma de suas prioridades.