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Paquistão, China e Coreia estão submersos

Milhões estão desabrigados nos três países. Tragédia pode ter relação com o aquecimento global

postado em 23/08/2010 09:01

Um homem e seu filho em um acampamento de beira de estrada para as vítimas das enchentes perto Shabar Jangi, no Paquistão: milhões desabrigados

Os mais de 20 milhões de atingidos pelas inundações no Paquistão não estão sós na tragédia. As fortes chuvas também atingiram a China e a Coreia do Norte. A inundação do Rio Yalo levou mais de 94 mil norte-coreanos a abandonarem suas casas nesta semana. ;Mais de 5 mil pessoas foram retiradas de Shinuiju, cidade da Coreia do Norte que faz fronteira com a China;, informou ontem uma agência oficial norte-coreana. A mesma agência diz que o líder norte-coreano Kim Jong-il enviou unidades militares para resgatar moradores da área atingida, e as forças aérea e naval resgataram 5.150 pessoas.

No noroeste da China, fronteira com a Coreia do Norte, mais de 125 mil pessoas precisaram ser retiradas ontem da província de Liaoning, também devido ao transbordamento do Rio Yalo. No sábado, só na cidade de Dandong, em Liaoning, foram deslocadas 50 mil pessoas. Os chineses daquela região também estão sem serviços de transporte, energia e comunicação da cidade.

Os institutos de meteorologia na Ásia alertam que o intenso volume de chuvas continuará afetando a localidade nos próximos dias. ;É provável que esses fatos estejam vinculados pelo aquecimento global. São acontecimentos que estão fora do normal, mas ainda não se pode estabelecer uma relação direta;, disse ao jornal argentino Clarín, Vicente Barros, especialista em climatologia e membro do Painel Intergovernamental de Mudança Climática (IPCC).

O sul do Paquistão há três semanas sofre uma das piores inundações de sua história. O número de paquistanesas prejudicados pela tragédia já supera a do terremoto de 2005 no próprio Paquistão, a do tsunami de 2004 no sul da Ásia, e inclusive a do terremoto de janeiro passado no Haiti. Fontes não oficiais falam em 1.500 mortos no país, mas a Organização das Nações Unidas diz que é impossível precisar o número de vítimas.

;Todos os esforços estão concentrados agora em salvar a maior quantidade de vidas possível nesse território do sul;, disse o diretor de Atenção a Desastres do governo provincial de Sindh (sul do país), Saleh Farooqui ao canal de televisão Geo News. ;Nas últimas 24 horas, mais de 200 mil pessoas tiveram que se transladar a lugares altos;, disse Farooqui.

No domingo passado, o secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, percorreu zonas afetadas e pediu para a comunidade internacional contribuir ;urgentemente; com US$ 460 milhões. Ontem, o chanceler paquistanês, Shan Mehmood Qureshi, disse à imprensa local que as doações prometidas atingem os US$ 800 milhões. No entanto, alguns analistas dizem que a quantia pode ser insuficiente, devido ao enorme custo de reconstrução. Ao redor de 8 milhões de pessoas, a metade delas crianças e adolescentes, correm o risco de morrer de fome ou por doenças como o cólera e diarreias. Estimativas feitas pelo governo calculam que cerca de 600 mil moradias foram destruídas, o que significa que ao menos 4 milhões de paquistaneses já estão sem teto.

Outro temor é que terroristas da Al-Qaeda e dos talibãs se aproveitem da situação para ganhar mais terreno no país. ;O governo é tão frágil que pode se ver ameaçado pelo menor movimento social;, avaliou Qaiser Bengali, conselheiro do governo provincial de Sindh. ;Com o tempo, isso pode levar as pessoas a pensar que os grupos religiosos são mais eficientes que o Estado e reforçar o poder das mesquitas e madrassas (escolas corânicas);, completa Bengali.

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