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Presidente paquistanês diz que recuperação das inundações levará anos

Agência France-Presse
postado em 24/08/2010 10:34
O presidente do Paquistão, Assif Ali Zardari, advertiu à população que levará vários anos para que o país se recupere das devastadoras inundações, enquanto que as promessas de ajuda internacional superaram os 700 milhões de dólares e o nível das águas não baixava.

Um mês de inundações já custou a vida de cerca de 1.500 pessoas e deixou 20 milhões de habitantes no pior desastre natural sofrido pelo Paquistão em sua história, com a ameaça permanente de enfermidades nos acampamentos onde os sobreviventes desesperados se refugiaram.

"A estimativa de vocês é tão boa quanto a minha, mas três anos é o mínino", afirmou Zardari aos jornalistas, quando indagado quanto tempo levaria para o Paquistão, um país com 167 milhões de habitantes, resolver os problemas resultante da tragédia, como a reconstrução e a reabilitação depois das inundações.

[SAIBAMAIS]"Acho que o Paquistão jamais de recuperará totalmente, mas continuaremos em frente", acrescentou o presidente, assinalando que o governo - criticado pela lentidão de sua resposta para ajudar os flagelados - estava esforçando-se por proteger as pessoas de desastres similares no futuro.

O alto funcionário americano Dan Feldman, assistente do representante especial para o Afeganistão e Paquistão, disse à imprensa em Washington que uma reunião realizada na semana passada pela Assembleia Geral das Nações Unidas foi "um momento culminante para impulsionar os esforços para ajudar o Paquistão.

"De acordo com nossas estimativas, 30 países prometeram mais de 700 milhões de dólares, incluindo nossa própria promessa de 150 milhões de dólares", afirmou Feldman, sem dar detalhes sobre as cifras destinadas por cada país.

Os Estados Unidos converteram o Paquistão, país que possui a arma nuclear, em um aliado-chave de sua luta contra o extremismo islamita, pois teme que os militantes se beneficiem da instabilidade depois das inundações e da cólera dos habitantes contra o governo.

Zardari foi muito criticado por não ter encurtado uma visita à Europa no início da catástrofe natural e, apesar de ter defendido essa decisão, reconheceu que algumas críticas à resposta governamental estavam justificadas.

As enchentes provocadas há quase um mês pelas chuvas de monção, de violência sem precedentes, afetaram 20% do território paquistanês.

No noroeste e nordeste, as zonas mais afetadas quando começaram as inundações, assim como no centro, as águas começaram a baixar, revelando aldeias destruídas e campos de lodo.

Em pleno Ramadã, milhões de paquistaneses sobrevivem em acampamentos administrados pelas autoridades, pela ONU ou por organizaçõs não governamentais. No entanto, a maioria não tem um teto onde dormir ou permanece em abrigos precários, sem alimentos, água potável ou remédios.

"Estimamos em 4,8 milhões o número de pessoas sem casa atualmente", declarou na segunda-feira à AFP Maurizio Giuliano, portavoz da Agência de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA) em Islamabad.

As autoridades paquistanesas afirmam lidar há vários dias com epidemias de cólera, tifo e hepatite.

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