Agência France-Presse
postado em 24/08/2010 11:00
O líder cubano Fidel Castro afirmou, durante um encontro com cientistas, que aceitou a instalação de mísseis nucleares soviéticos em 1962 num ato de sacrifício para com o campo socialista, informou nesta terça-feira a imprensa cubana."Não nos interessava ter mísseis aqui, nem ter uma base. Nos interessa mais a imagem do país. Uma base soviética desvalorizava a imagem da Revolução, sua capacidade de influenciar nossa região", afirmou Fidel.
"Por que aceitamos? Para nós era muito difícil, mas era uma questão de internacionalismo, pois se estávamos esperando que o campo socialista se sacrificasse e lutasse por nós, devíamos estar dispostos a nos sacrificar por eles;.
"O próprio Kennedy (presidente dos Estados Unidos John Kennedy) estava horrorizado de como a guerra estava perto", assinalou ainda Fidel.
A presença dos mísseis provocou uma crise entre as duas superpotências de então, os Estados Unidos e a União Soviética, em outubro de 1962, e colocou o mundo à beira da guerra nuclear.
Usando seu tradicional uniforme, em um salão que se converteu numa espécie de Estado-Maior de sua campanha para alertar contra operigo de um "holocausto nuclear" se Estados Unidos e Israel invadirem o Irã, Fidel conversou com quatro cientistas, entre eles seu filho mais velho, Fidel Castro Díaz-Balart, físico nuclear.
Fidel, 84 anos, está numa grande atividade pública em torno do perigo nuclear e dos problemas ambientais, mas sem interferir nos assuntos nacionais conduzidos por seu irmão, o presidente Raúl Castro.
Os cientistas explicaram a Fidel detalhes sobre o chamado inverno nuclear, um fenômeno de alcance global provocado pela explosão de várias bombas atômicas, que poderia ser, segundo o líder cubano, o fim da espécie humana.