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Familiares enviam mensagens de apoio aos mineiros chilenos

Agência France-Presse
postado em 24/08/2010 13:31
"Queríamos enviar um bola, mas ela não cabia na sonda, você não vai poder jogar futebol aí embaixo": depois dos mineiros, é a vez de os parentes enviarem mensagens aos 33 sobreviventes presos no fundo de uma mina chilena para ajudá-los a passar o tempo.

A cápsula da sonda enviada a 700 metros de profundidade trouxe no domingo palavras de esperança após 17 dias sem qualquer contato: "Nós estamos bem, no refúgio".

As famílias foram, então, convidadas a escrever recados levados pela sonda aos prisioneiros da mina de San José para ajudá-los a passar os longos "3 ou 4 meses" de duração das operações de resgate.

"Escrevemos piadas e enviamos muita energia positiva", contou à AFP Caroline que acabou de escrever sua primeira mensagem ao pai Franklin Lobos, ex-jogador de futebol profissional dos anos 1980, que operava máquinas subterrâneas na mina.

"Estamos contando o que está acontecendo em nível nacional, pedimos que ele mantenha a calma, que tenha fé e quem sabe ele não perde um pouco da barriga e jogue melhor o futebol! Ah..., e dissemos também que adoraríamos lhe enviar um pão com abacate que ele ama tanto".

Psicólogos, que se dedicam há dias às famílias angustiadas, os aconselharam hoje a escrever essas mensagens, falando sobre coisas positivas a fim de ajudar os mineiros a resistirem.

"A família escreve um pouco de tudo, mas nada triste, só frases de encorajamento", contou Antenor Berrios, que tem o filho Carlos, 29 anos, preso sob a terra.

"Por exemplo, contei que apareci na imprensa internacional, que recebi ligações do mundo inteiro, que virei uma celebridade esta semana. Disse que está tudo bem, que estamos esperando por ele, todos felizes".

Felicidade em casa, festa na superfície: foi também o que descreveu Romina, 20 anos, ao pai, Mario Gomes, que tem 63 anos e é o líder e veterano do grupo de mineiros. Foi ele quem, no domingo, rabiscou as primeiras palavras de esperança.

"Oi papai, sou eu, Romina, estou muito contente por você estar bem. Foi um dos momentos mais felizes de minha vida. Ficamos muito emocionados quando o socorrista nos anunciou que todos estavam vivos. Fizeram até uma festa".

"Estamos todos com você e o amamos muito, estamos te esperando. Te amamos, papai", leu ela aos jornalistas antes de contar mais sobre o pai de três filhas e sobre sua mulher.

Seus pais têm uma relação especial, disse. "Eles se amam, se adoram, mas às vezes ficam brigados por três dias, depois fazem as pazes. Dois dias antes do acidente, eles tinham acabado de se reconciliar".

Além dos medicamentos e alimentos, em forma de soro glicosado que começaram a descer na segunda-feira, as cartas são muito importantes para a mente desses homens, explicaram os socorristas. Mesmo que, segundo o ministro da Saúde Jaime Manalich, os mineiros demonstrem estar, por enquanto, "com saúde, tanto física quanto mental, extraordinária, apesar das circunstâncias".

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