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Padre suspeito de atentado foi encoberto por Igreja e polícia na Irlanda do Norte

Agência France-Presse
postado em 24/08/2010 16:15
Polícia, autoridades e Igreja Católica fecharam acordo para salvar um padre suspeito de ser o cérebro de um atentado a bomba que deixou nove mortos na Irlanda do Norte em 1972, segundo revelou um relatório publicado nesta terça-feira (24/8).

Quase 40 anos depois do atentado perpetrado em Claudy, perto de Londonberry, um relatório assinado por um mediador da polícia da Irlanda do Norte, Al Hutchinson, revelou que a investigação estabeleceu que o padre James Chesney era responsável pelas operações do Exército Republicano Irlandês (IRA, separatista católico) na região e o principal suspeito em vários atentados, inclusive o de Claudy.

Três carros-bomba explodiram em julho de 1972 no povoado, matando nove pessoas, entre elas uma menina.

O atentado ocorreu seis meses depois do massacre de Londonderry - segunda maior cidade da Irlanda do Norte -, onde paraquedistas britânicos dispararam contra um grupo de manifestantes e mataram 13.

Um policial pediu que o padre fosse preso, mas os superiores opuseram-se, e ele preferiu informar as autoridades políticas.

O caso foi tratado em uma reunião realizada em dezembro de 1972 pelo secretário britânico para a Irlanda do Norte, William Whitelaw, e o responsável da Igreja Católica irlandesa, o cardeal William Conway.

Eles concordaram então em transportar o padre para a Irlanda, fora da jurisdição britânica, o que ocorreu em 1973. O religioso morreu sete anos depois, aos 46 anos, como consequência de um câncer. Ninguém foi preso ou acusado pelo atentado de Claudy.

Segundo o autor do relatório, Al Hutchinson, a decisão de deixar o padre escapar "decepcionou a memória dos mortos e feridos no atentado". Hutchinson disse que houve "coluio", mas que isso não constituía um crime.

O primaz da Irlanda, o cardeal Sean Brady, considerou que o padre Chesney "tinha que ter sido detido e interrogado".

O atual secretário de Estado britânico para a Irlanda do Norte, Owen Paterson, afirmou que o governo "lamenta profundamente que o suposto envolvimento do padre Chesney nesse crime espantoso não tenha sido investigado de forma apropriada, e que tenha sido negada justiça às vítimas e às famílias".

Vários parentes das vítimas pediram que o governo abra uma investidação sobre esses fatos.

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