Agência France-Presse
postado em 24/08/2010 21:55
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, anunciou nesta terça-feira (24/8) que levará à Justiça o relatório que aponta apropriação fraudulenta da única empresa de papel para jornais do país, em uma operação realizada durante a ditadura militar para favorecer os diários Clarín e La Nación."Vamos apresentar isto aos tribunais correspondentes (...) para solucionar esta situação que já leva 33 anos de práticas obscuras e desleais...", disse a presidente. "Para os que pensam ou escrevem que queremos nos apropriar da Papel Prensa, lamento desiludi-los", destacou Kirchner, que é acusada de tentar controlar a imprensa no país.
[SAIBAMAIS]Em mensagem em rede nacional, Kirchner deu informações sobre o relatório, de 26 mil folhas, apontando irregularidades na aquisição da Papel Prensa, controlada por Clarín e La Nación, mas cujo estado detém 28%.
"Isto não é para controlar ninguém, é simplesmente para que deixem de controlar os argentinos, para que deixem que a segurança jurídica e as regras de livre comércio e competitividade possam ser gozadas por todos os empresários editoriais".
O relatório "Papel Prensa, a Verdade" traz denúncias sobre supostas manobras dos grupos Clarín, La Nación e La Razón (comprado pelo Clarín) para assumir o controle da Papel Prensa.
Clarín e La Nación emitiram um comunicado no qual denunciam "a história inventada (pelo governo) para assumir" o total controle do Papel Prensa com o objetivo de calar os dois jornais, que mantêm um longo confronto com os Kirchner.
"Vou enviar ao Congresso, no qual somos minoria nas duas câmaras, um projeto de lei que declare de interesse público a produção da pasta de celulose para a impressão de jornais, a distribuição e a comercialização", prometeu a presidente.
Kirchner disse ainda que formará uma comissão legislativa cujos membros participarão das reuniões societárias da Papel Prensa.