Agência France-Presse
postado em 25/08/2010 09:24
Militares mexicanos encontraram 72 corpos, entre eles 14 mulheres, em uma propriedade rural do estado de Tamaulipas (nordeste do país), na fronteira com os Estados Unidos, na pior descoberta do tipo desde o início de uma operação contra o narcotráfico iniciada em 2006 pelo governo do presidente Felipe Calderón."Foram encontrados na fazenda os corpos de 72 pessoas (58 homens e 14 mulheres)", indicou um comunicado oficial.
A descoberta macabra aconteceu depois de um tiroteio entre oficiais da Marinha de Guerra e pistoleiros, que terminou com a morte de um soldado e três criminosos.
Tamaulipas, na fronteira com o Texas (Estados Unidos), é um dos estados mexicanos mais violentos.
Segundo as autoridades, os cartéis de narcotraficantes do Golfo e dos Zetas, antigos aliados, disputam o controle de Tamaulipas.
O presidente Calderón, depois de tomar posse em dezembro de 2006, mobilizou 50.000 militares para lutar contra os traficantes, acusados de mais de 28.000 homicídios desde então.
Os soldados localizaram a fazenda graças a informações de um homem que chegou com um ferimento a bala a um posto de controle rodoviário militar.
Durante a operação, que incluiu unidades aéreas, os militares prenderam um menor de idade, mas vários homens armados conseguiram fugir após um tiroteio.
Na fazenda, que fica próxima ao município de San Fernando (30.000 habitantes), no limite com o fronteiriço Matamoros, também foram apreendidas 21 armas pesadas, 6.600 cartuchos e quatro caminhonetes, uma delas com placa falsa da Secretaria de Defesa.
Tamaulipas vive uma onda de violência, que incluiu no fim de junho o assassinato de um candidato ao governo a seis dias das eleições.
Nos últimos dois meses e meio, os militares do México fizeram outras duas grandes descobertas de cadáveres em fossas clandestinas, que as autoridades acreditam ter sido usadas por pistoleiros do narcotráfico para esconder os corpos de inimigos.
No dia 7 de junho, 55 corpos foram retirados de uma vala clandestina ao lado de uma mina do histórico vilarejo de Taxco (sul do país). Em 24 de julho, as forças de segurança localizaram 51 cadáveres em nove fossas no estado de Nuevo León (norte), que também está sendo disputado pelo cartel do Golfo e pelos Zetas.
As autoridades não informaram se os corpos estavam em uma vala comum da fazenda.
Os cartéis de droga mexicanos utilizam vários métodos para ocultar os cadáveres dos inimigos, entre eles a dissolução em ácido.
Em janeiro de 2009, o pistoleiro Santiago Meza, conhecido como ;El Pozolero;, confessou ter utilizado este método para fazer desaparecer quase 300 corpos.
Os Zetas são um grupo liderado por militares de elite mexicanos que desertaram na década de 90 e passaram a trabalhar sob o comando do líder do cartel do Golfo, Osiel Cárdenas Guillén, atualmente preso nos Estados Unidos.
O governo do México afirma que as duas organizações criminosas se separaram há alguns meses, o que deu início a um conflito armado pelo controle de vários estados mexicanos.