Agência France-Presse
postado em 25/08/2010 12:06
Insurgentes deram uma demonstração de força nesta quarta-feira (25/8) no Iraque, a menos de uma semana do fim da missão de combate do exército americano, fazendo explodir 14 carros-bomba - a maioria visando policiais, e matando 53 pessoas. O governo atribui os ataques à rede Al-Qaeda.A série de atentados fez mais de 300 feridos em dez cidades, mais da metade das vítimas eram policiais, informaram diversas fontes oficiais.
Os ataques relembram os piores momentos da insurreição entre 2006 e 2007, quando o movimento estava no auge. Eles também contradizem as afirmações otimistas de Washington de que as forças iraquianas seriam capazes de garantir a segurança no país sozinhas.
Em um comunicado, o primeiro-ministro Nouri al-Maliki reafirmou que a polícia e o exército estavam prontos e atribuiu os ataques à Al-Qaeda e aos partidários do antigo partido Baath do ex-ditador Saddam Hussein.
O ataque mais violento teve como alvo uma agência de expedição de passaportes em Kut, 160km ao sudeste de Bagdá. Quinze policiais e cinco civis foram mortos e 90 pessoas ficaram feridas, segundo um relatório fornecido pelo tenente da polícia Ali Hussein.
Na capital, um camicase detonou um carro-bomba por volta das 8h (2h, horário de Brasília) perto de um posto policial do bairro de Al-Qahira (norte), matando 15 pessoas, entre elas oito oficiais, e deixando 58 feridos, de acordo com o Ministério do Interior.
Muitas das vítimas são civis, devido à proximidade de casas dos locais das explosões. "Por volta das 8h, minha casa tremeu e os vidros partiram", contou Oum Ahmed, uma moradora do bairro. "Felizmente, ninguém ficou ferido na minha casa, mas três filhos do meu vizinho morreram", disse à AFP.
Outros carros-bombas, alguns conduzidos por camicases, explodiram em Mossul e Kirkuk (norte), Basra (extremo sul), Ramadi (oeste), Falluja, Muqdadiya e Dujail (centro) e na cidade santa de Kerbala, a 110km ao sul da capital.
"A Al-Qaeda e os aliados do partido Baath cometeram esses crimes horríveis (...) para desestabilizar a situação e prejudicar a confiança que a população tem nas forças de segurança que estão prontas para assumir suas funções", declarou o premier Maliki. "Essas atividades terroristas não vão nos impedir de avançar para realizar as ambições de nosso povo e assegurar nossa total soberania nacional", acrescentou.
Mesmo que o índice de violência tenha reduzido visivelmente em relação a 2007, o chefe das operações especiais americanas, o general Patrick Higgins, recentemente declarou, em entrevista ao Washington Post, que a estrutura da Al-Qaeda no Iraque permanecia "quase intacta".
Os atentados ocorrem um dia após o anúncio da redução no contingente de soldados americanos no Iraque para menos de 50 mil, que devem deixar o país no fim de 2011.
Conforme a estratégia de retirada gradual que foi apresentada no início do mandato em 2009, o presidente americano Barack Obama deve anunciar oficialmente o encerramento das operações de combate no Iraque até o fim de agosto, após sete anos de invasão.
A partir de setembro, os militares americanos devem se dedicar exclusivamente à formação das forças iraquianas, cuja capacidade ainda suscita preocupações.
Há duas semanas, o chefe do estado-maior iraquiano, o general Babaker Zebari, desejou que os americanos ficassem até 2020, data que, segundo ele, as tropas estariam prontas a retomar a missão.
Apesar de contestada ontem pelo chefe do exército americano no Iraque, o general Ray Odierno, esta avaliação parece ser compartilhada por uma maioria dos iraquianos, que julgam a retirada americana inadequada, segundo uma pesquisa pública realizada no mesmo dia pelo Centro de Pesquisas de Asharq.