Depois de duas séries de voos na semana passada, dois aviões "especialmente fretados" que transportavam 284 ciganos oriundos da Romênia ou da Bulgária aterrissaram à tarde no aeroporto de Bucareste.
"A polícia disse que podíamos escolher: ou partíamos voluntariamente agora, ou seríamos expulsos à força mais tarde", declarou um homem de cerca de 20 anos. "Então, decidimos partir", com uma ajuda de 300 euros por adulto (US$ 385) e de 100 euros (US$ 172) para cada criança.
O ministro da Imigração, Eric Besson, anunciou "uma aceleração das expulsões de cidadãos búlgaros e romenos", sem dizer explicitamente que se tratavam de ciganos originários desses dois países membros da União Europeia.
Por volta do meio-dia, um avião da companhia romena Blue Air partiu do aeroporto de Lyon-Saint Exupéry para Bucareste, comprovou um jornalista da AFP. Pouco depois, na periferia de Paris, outro voo da companhia aérea Blue Air com destino a Bucareste também partiu com o restante dos expulsos a bordo.
Carregando malas e sacos, os ciganos expulsos a partir do aeroporto parisiense de Roissy-Charles de Gaulle não fizeram nenhuma declaração.
Com os voos desta quinta-feira, terão retornado aos países de origem até agora, neste ano, 8.313 ciganos romenos e búlgaros, segundo o ministro. Besson qualificou a maior parte dessas repatriações como "regressos voluntários".
Na véspera, o governo francês teve de recorrer a estatísticas policiais em Paris para justificar a política de expulsão de ciganos da Romênia. "Não há registros sobre a delinquência por comunidade, mas por nacionalidade e eu observo, por exemplo, que em Paris os crimes envolvendo romenos aumentou no ano passado 138%", declarou o ministro do Interior Brice Hortefeux à rádio RTL.
Segundo a polícia, foram 3.151 casos em 2009 contra 1.323 em 2008. Nos seis primeiros meses do ano de 2010, esse índice aumentou 51,1% em relação ao mesmo período de 2008, e 49% dos delitos foram cometidos por menores.
Após muita discussão na mídia, o presidente francês Nicolas Sarkozy anunciou em 30 de julho que os acampamentos ilegais de ciganos na França seriam demolidos.
Cerca de 15 mil ciganos dos países do leste europeu vivem na França, onde se beneficiam das regras de livre circulação da União Europeia, mas muitas vezes em acampamentos improvisados. Depois de três meses na França, sem domicílio nem fontes de renda, eles se tornam ilegais e podem ser removidos.
Um dos dois responsáveis romenos, Valentin Mocanu, secretário de Estado encarregado da Integração dos ciganos, advertiu de os riscos dessas medidas derivarem em racismo e xenofobia.
"Muita gente na Romênia está preocupada de que se possa acreditar na possibilidade de resolver o problema com ações suscetíveis a gerar racismo e xenofobia", declarou o funcionário à imprensa.