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Justiça retém bens da mineradora

postado em 27/08/2010 07:32
Passadas três semanas desde que 33 mineiros ficarem presos na mina San José, no norte do Chile, a Justiça ordenou a retenção de bens no valor de 900 milhões de pesos (cerca de R$ 3,2 milhões) da empresa San Esteban, responsável pela jazida. O tribunal de Copiapó, cidade onde ocorreu o acidente (800km ao norte de Santiago), acolheu ontem a petição do advogado Edgardo Reinoso, que representa 26 famílias, como parte de um pedido de indenização. No mesmo dia, a mulher de um dos soterrados entrou com o primeiro processo criminal contra os detentores da San Esteban e o órgão público que fiscaliza a segurança no local.

Os empresários Alejandro Bohn e Marcelo Kemeny, donos da mineradora, receberiam o dinheiro da Empresa Nacional de Mineração (Enami) pela venda de cobre. No entanto, Reinoso explicou que ;há bens, há dinheiro a receber, por isso pedimos ao tribunal sua retenção por meio de medida precatória;. Segundo o advogado, ;eles estabeleceram, então, a soma de 900 milhões de pesos;. Também foi solicitada a nomeação de um interventor na empresa, para ser um terceiro a administrar recursos e bens da San Esteban. Esse pedido ainda está sendo analisado.

Uma comissão do Congresso chileno investiga o desabamento da mina San José, ocorrido em 5 de agosto. O presidente Sebastián Piñera garantiu que a Justiça vai ;punir todos os que tenham responsabilidades nesse acidente, tanto civis quanto penais;. Ao todo, 32 mineradores chilenos e um boliviano estão presos em um refúgio a 700m de profundidade desde que o principal acesso ao túnel da jazida desmoronou.

O grupo recebe água, oxigênio, comida e remédios através de sondas, já que o salvamento deve demorar entre três e quatro meses. Dois terremotos registrados na última quarta-feira preocuparam as equipes de resgate, que temem eventuais desabamentos caso aconteçam novos tremores. Um dos abalos sísmicos, de magnitude 4,5 na escala Richter, atingiu a cidade de Copiapó e foi sentido pelas equipes, mas não pelos mineradores.

Primeiro processo
Carolina Narváez, mulher do operário Raúl Bustos, que está entre os soterrados, entrou ontem com o primeiro processo criminal contra os donos da jazida e o Serviço Nacional de Mineração e Minas (Sernageomin), que analisa a segurança das minas no Chile. ;Não estou pensando na recompensa monetária, estou pensando nos responsáveis. Não apenas os donos da mina, mas as pessoas que não fizeram seu trabalho de fiscalizar;, explicou.

No processo, Alejandro Bohn e Marcelo Kemeny são acusados de lesão corporal, informou o advogado Ramberto Valdés. Já o Sernageomin é acusado de prevaricação, por ;ter divulgado em 2008 uma resolução injusta que significou a reabertura de San José;. A minha tinha sido fechada em 2007, após uma explosão que matou um minerador. Em 9 de julho, um trabalhador perdeu uma perna em acidente na jazida.

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