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Carter deixa a Coreia do Norte com compromisso nuclear e americano liberado

Agência France-Presse
postado em 27/08/2010 09:31
O ex-presidente americano Jimmy Carter deixou nesta sexta-feira (27/8) a Coreia do Norte depois de obter a libertação de um compatriota preso e conseguir do regime comunista uma mensagem que manifesta disposição de retomar as negociações sobre o desarmamento nuclear.

O Prêmio Nobel da Paz, de 86 anos, saiu do país com Aijalon Mahli Gomes, um americano que estava detido por ter entrado ilegalmente na Coreia do Norte a partir da China em janeiro.

"A pedido do presidente Carter, e por razões humanitárias, Gomes recebeu o indulto do dirigente norte-coreano Kim Jong-Il", afirma um comunicado do Centro Carter.

Gomes, de 30 anos e ex-professor de inglês na Coreia do Sul, foi detido em janeiro e condenado em abril a oito anos de trabalhos forlados, assim como a uma multa de 600.000 dólares.

O Departamento de Estado saudou a libertação, mas deixou claro que o governo não teve nenhum papel oficial na missão de Carter. "Apreciamos o esforço humanitário do ex-presidente Carter e saudamos a decisão da Coreia do Norte de conceder una anistia especial ao senhor Gomes e permitir seu retorno aos Estados Unidos", destacou o porta-voz do Departamento de Estado, Philip Crowley, em um comunicado.

Além da missão humanitária, a agência oficial norte-coreana KCNA anunciou que Pyongyang transmitiu a Carter a vontade de retomar as conversações multilaterais sobre o fim de seu programa nuclear militar, bloqueadas desde abril de 2009.

O número dois do regime comunista, Kim Yong-Nam, expressou a Carter o desejo de um "reinício das negociações" entre as duas Coreias, Estados Unidos, Rússia, Japão e China, e do fim dos programas nucleares na península coreana, destacou a KCNA.

Pyongyang já divulgou declarações similares no passado, mas tentando impor condições que foram descartadas por Seul e Washington.

A oferta apresentada a Carter foi feita após uma visita do negociador nuclear chinês Wu Dawei a Pyongyang, e coincidindo com uma visita de Kim Jong-Il a China, principal aliado do regime.

A Coreia do Norte se retirou das conversações multilaterais em abril de 2009 para protestar contra a condenação da ONU a um aparente teste de míssil, apresentado pelo regime de Pyongyang como um teste de foguete espacial.

Um mês depois, Pyongyang executou o segundo teste nuclear da história do país, o que provocou mais sanções por parte da ONU.

Um dos principais obstáculos para a retomada das negociações é o afundamento em março de um navio sul-coreano, que provocou a morte de 46 marinheiros e que Washington e Seul atribuem a Pyongyang.

O enviado nuclear chinês visitava Seul nesta sexta-feira para tentar promover a retomada das negociações, e informando os dirigentes sul-coreanos sobre sua visita a Pyongyang na semana passada.

No entanto, a Coreia do Sul expressou suas reservas à proposta chinesa de organizar um encontro informal entre Pyongyang e Washington.

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