Agência France-Presse
postado em 29/08/2010 11:27
O líder espiritual do partido Shass, o rabino Ovadia Yossef, desejou na noite de sábado (28/8), durante sua pregação semanal em Jerusalém, ver o presidente palestino Mahmud Abbas e seu povo nas gemônias (escadas do Capitólio que davam para o Tibre, e pelas quais, na Roma antiga, eram arrastados e atirados ao rio os corpos dos supliciados; ou opróbrio público, no sentido figurado). A declaração motivou uma reação indignada palestina."Que todos estes maus que odeiam Israel, como Abu Mazen (o presidente palestino Mahmud Abbas), desapareçam de nosso mundo", lançou o rabino Yossef em seu sermão divulgado no domingo pela rádio do exército israelense.
"Que Deus o castigue com a peste, assim como aos palestinos maus e perseguidores de Israel", prosseguiu durante a pregação, a três dias do encontro entre o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e Abbas em Washington para a retomada das negociações diretas de paz, suspensas há 20 meses.
O porta-voz da Autoridade palestina, Ghassan Khatib chamou a declaração "de incitação racista" ao ódio, exigindo uma retratação oficial do governo israelense, em comunicado.
Ele se disse particularmente alarmado com o fato de as palavras virem "de um líder espiritual de um partido no poder, na chefia de um movimento encarrgado da educação de milhares de alunos".
O partido religioso ultra-ortodoxo sefardita Shass que administra uma importante rede de escolas é considerado um dos pilares da coalizão governamental de Netanyahu, com onze deputados de um total de 120 na Knesset (Parlamento).
Ouvido sobre as propostas de Yossef, o deputado do Shass, Nissim Zeev, tentou explicar que, de fato, o rabino citou o Talmude para expressar os votos de que Deus faça desaparecer os inimigos de Israel.
Octogenário, tido como um conhecedor excepcional da Torah, o rabino Yossef costuma dirigir-se a suas ovelhas numa linguagem popular, que mistura ditados, citações de textos sagrados e ironias em relação aos adversários.
Nos ultimos anos, ele vem atribuindo principalmente aos árabes, aos judeus laicos e aos asquenazes todas as espécies de qualificativos, recorrendo a um registro animal para atacá-los.
No final de 1980, no entanto, ele se pronunciou a favor de uma partilha territorial com os palestinos, em função de uma paz suscetível de salvar vidas judias.