Agência France-Presse
postado em 30/08/2010 16:26
Engenheiros começaram a perfurar nesta segunda-feira (30/8) um túnel para resgatar os 33 mineiros chilenos presos, enquanto os familiares tentavam encorajá-los a enfrentar os meses de operações à frente.A máquina gigante Strata 950 vai perfurar um túnel de 33cm de diâmetro que posteriormente será ampliado por uma furadeira especial. O processo de perfuração não deve ser concluído antes do Natal.
Alguns dos trabalhadores, confinados em um refúgio sem luz debaixo da terra desde um delizamento ocorrido na mina de San José em 5 de agosto, já estão sofrendo de problemas de pele e exibindo sinais de depressão, informaram fontes oficiais.
Mas a heróica história de sobrevivência, que veio à tona em 22 de agosto, quando um bilhete escrito em letras vermelhas foi encontrado preso em uma perfuradora, cativou a nação e recebeu fãs no mundo todo.
Os mineiros conseguiram aproveitar em 17 dias suprimentos de emergências que deveriam durar apenas 48 horas, conseguindo cavar um canal para obter suprimento de água.
"O túnel que estamos cavando ao abrigo deverá ter 702m de profundidade em linha reta", informou à AFP no sábado o engenheiro encarregado da operação de resgate, Andre Sougarret.
Uma vez que o túnel tiver sido alargado para de 60cm a 70cm, será grande o suficiente para levar até o abrigo uma cápsula de resgate que irá permitir que os mineiros sejam içados um por vez.
Durante o processo de alargar o túnel, os mineiros terão de trabalhar em turnos para retirar rochas e escombros que constantemente caem do alto. Eles também esperam que a perfuração não cause outro colapso.
O ministro da Mineração chileno, Laurence Golborne, negou as informações de que outros planos eram considerados para permitir o resgate dos homens em um ou dois meses. "Nós verificamos 10 opções diferentes. Até agora não há alternativa que permitiria a retirada (dos mineiros) em 30 dias", disse Golborne à Radio Cooperativa.
Ele disse que os engenheiros estavam abrindo um terceiro túnel de acesso de 30,5cm para que objetos maiores sejam enviados ao abrigo.
Em ligações limitadas a um minuto por mineiro, mulheres, mães e pais conversaram no domingo pela primeira vez com os trabalhadores, depois de eles terem completado 24 dias debaixo da terra. "Ouvir a voz dele foi um bálsamo para meu coração", disse Jessica Chille, depois de conversar com o marido, Dario Segovia.
Os familiares tentaram ser otimistas e as conversas animaram os mineiros, que até agora só tinham enviado bilhetes e mensagens em vídeo.
"Eu não chorei até dizer a ele: ciao, meu garoto, nós nos veremos", disse Alicia Campos, depois de conversar com o filho, Daniel Herrero. "A voz dele é a mesma. Ele não está bem, mas também não está mal."