postado em 31/08/2010 08:52
É do Salão Oval (1)da Casa Branca que o presidente Barack Obama falará hoje aos soldados e à população americana sobre o fim das operações de combate no Iraque. Entretanto, para demonstrar a importância que seu governo dá a esse passo para o fim da incômoda guerra, Obama enviou a Bagdá seu vice, Joe Biden, na véspera de os militares americanos se retirarem oficialmente das ruas iraquianas. Segundo a Presidência, Biden reforçará, durante encontros com autoridades locais, o ;compromisso a longo prazo; que os Estados Unidos garantem ter com o país. Os pouco menos de 50 mil soldados americanos que ficarão até o fim de 2011 terão agora a única tarefa de treinar as forças de segurança iraquianas para que consigam manter o controle sozinhas.Ao chegar à capital iraquiana, por volta das 18h (12h em Brasília), a bordo de um avião cargueiro C-17, Biden tentou amenizar os temores de que a violência contra as forças iraquianas, que já vem se intensificando nos últimos meses, atinja níveis ainda maiores com a retirada americana. ;Estaremos muito bem e eles também;, disse o vice-presidente a jornalistas, no início de sua sexta visita ao país.
Ainda ontem, o vice de Obama reuniu-se com o embaixador americano no Iraque, Jim Jeffrey, o general Ray Odierno, comandante das forças no país, o general Lloyd Austin, que substituirá Odierno a partir de amanhã, e o general James Mattis, chefe do Comando Central dos EUA. Nos próximos dois dias, Biden se reunirá com o presidente Jalal Talabani, com o primeiro-ministro Nuri Al-Maliki e com o ex-premiê Iyad Allawi. Aos dois últimos, que praticamente empataram nas eleições de março, repetirá um pedido feito há dois meses: que superem as diferenças e permitam a formação do novo governo.
Biden representará Obama na cerimônia de troca de comando, amanhã. O general Odierno, contudo, não mostra tanto otimismo em relação ao Iraque quanto o vice-presidente. Em entrevista ao jornal The New York Times, publicada no domingo, Odierno se disse preocupado com as consequências negativas do impasse político, que já dura seis meses. ;Quanto mais tempo levar, mais frustrados (os iraquianos) poderão se sentir sobre o processo (eleitoral) em si;, disse o general. ;O que não desejo é que percam a confiança no sistema democrático, que é o risco a longo prazo.;
Cronograma
No discurso de hoje, Obama, que visitou ontem soldados feridos em combate em um hospital militar de Washington, deverá destacar a eficácia de seu governo em cumprir o cronograma de retirada, sem se ater às reais condições das forças iraquianas para assumir a segurança do país. Ontem, o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, antecipou a ;defesa; do governo para um possível aumento na insegurança após a entrega do controle. ;O fim da missão de combate não significa que a violência vai cessar, e sim que será preciso um esforço redobrado dos iraquianos. Eles vão escrever o próximo capítulo de sua história;, afirmou Gibbs. Antes do pronunciamento, Obama vai conversar por telefone com seu antecessor, George W. Bush, a quem nunca poupou críticas por ter iniciado a guerra.
1 - ;Extreme makeover;
A Casa Branca não confirmou, mas também não desmentiu a reforma no Salão Oval, revelada pelo site Drudge Report. De acordo com o site, enquanto Obama passava férias na ilha de Martha;s Vineyard, a famosa sala da mansão presidencial recebeu carpetes e cortinas, além de uma nova pintura. Mas o que vem sendo chamado ;extreme makeover; (em referência aos programas de televisão americanos em que são feitas verdadeiras transformações em pessoas, carros e casas) não poderá ser conferido no discurso de hoje: o protocolo da Casa Branca permite que a câmera mostre apenas o presidente sentado à mesa.