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Curandeiros comemoraram o Dia da Medicina Tradicional em Moçambique

postado em 31/08/2010 17:10
Cerca de 300 curandeiros e médicos tradicionais saíram nesta terça-feira (31/8) em passeata pela Avenida Acordos de Lusaka, uma das mais movimentadas de Maputo, para marcar o Dia Africano da Medicina Tradicional. Vestidos a caráter - homens com peles de animais e mulheres com tecidos coloridos, chamados ;capulanas; -, os manifestantes tocaram tambores e apitos e carregaram faixas que lembravam os nove anos do reconhecimento profissional no país.

Em 2001 foi criada a Associação dos Médicos Tradicionais de Moçambique (Ametramo), que hoje tem mais de 25 mil associados. A associação nasceu com o intuito de chancelar o trabalho dos curandeiros, além de criar padrões de atendimento e comportamento. Segundo estimativa do porta-voz da associação, Fernando Mathe, já são mais de 70 mil praticantes da medicina tradicional no país. ;É muita gente mesmo;, garante.

Dados do Ministério da Saúde de Moçambique mostram que, em abril deste ano, o número de médicos profissionais não passava de 1,2 mil em todo país. Para vários moçambicanos, o médico tradicional é quem dá o primeiro atendimento, quando não o único. Uma realidade que se repete em outros países do Continente Africano.

;Contra fatos não há argumentos,; afirma a vice-ministra da Saúde, Nazila Abdula, que participou da passeata. ;A saúde tentou sempre trabalhar separada da medicina tradicional. Mas sabemos que 75% da população usam os praticantes dela".

Por isso, o ministério criou no ano passado o Instituto de Medicina Tradicional de Moçambique. ;Neste momento, estamos a catalogar quem são os médicos tradicionais e quais remédios eles usam para cada doença;, explica a vice-ministra, que é médica pediatra. ;E temos tido bons resultados;.

Outra medida é instruir os curandeiros a identificar doenças graves e mandar os pacientes ao hospital o quanto antes. ;Curandeiro não trata de todas as doenças;, diz Mathe. ;Só as do espírito. Feitiço é feitiço, doença é doença.; Outro desafio enfrentado pela associação é combater o uso de órgãos humanos em cerimônias tradicionais. ;Isso é crime;.

Maus curandeiros são alvo das próprias associações, explica Fátima Mongore , do Fórum Nacional da Medicina Tradicional. ;Aproveitadores há em todas as profissões;. Segundo ela, o trabalho feito na última década é que ajudou a dar credibilidade aos curandeiros e a ganhar o respeito da sociedade e do governo.

A passeata terminou na Praça dos Heróis, onde foram depositadas flores no monumento que lembra, entre outros heróis moçambicanos, o primeiro presidente do país, Samora Machel. Além da vice-ministra da Saúde, estava presente a governadora de Maputo, Lucília Hama.

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