;As Brigadas Ezzedine Al-Qassam assumiram a responsabilidade por essa operação militar. Trata-se de uma resposta normal à ocupação e ao colonialismo contra os palestinos em Gaza, na Cisjordânia e em Jerusalém;, afirmou ao Correio, por telefone, Fawzi Barhoum, porta-voz e um dos líderes do movimento fundamentalista islâmico Hamas. Por volta das 19h30 (13h30 em Brasília), militantes do braço armado do Hamas aproximaram-se de um carro e abriram fogo, na entrada sul do assentamento de Kiryat Arba, próximo a Hebron (Cisjordânia). O atentado matou dois homens e duas mulheres ; uma delas estava grávida ; e ocorreu às vésperas da retomada das conversações diretas entre Israel e a liderança palestina.
De acordo com Barhoum, o ataque buscou ;minar a cooperação e a colaboração entre a ocupação e o Fatah, que destruíram a resistência;. O porta-voz descartou que a motivação seja o encontro de amanhã entre a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton; o presidente palestino, Mahmud Abbas; e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. ;Essa negociação entre Fatah e Netanyahu visa apenas o benefício da ocupação israelense e dos norte-americanos;, acrescentou Barhoum.
Após o atentado, palestinos saíram às ruas do campo de refugiados de Jabaliya, no norte da Faixa de Gaza, para celebrar. Orgulhoso, um pai desfilou com o filho pequeno, que segurava uma arma de brinquedo. A caminho de Washington, Netanyahu avisou que ;o terror não vai decidir as fronteiras de Israel;. O premiê ordenou a perseguição dos assassinos dos quatro colonos judeus, ;onde quer que estejam;. Por sua vez, o ministro da Defesa, Ehud Barak, mandou um recado ao Hamas. ;Esse é um incidente muito grave. As IDF e as forças de segurança israelenses farão tudo o que puderem para capturar esses assassinos. Israel não permitirá que terroristas levantem suas cabeças, e exigirá um preço dos assassinos e de quem os enviou;, declarou. O primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Salam Fayad, também condenou o ataque e disse que a agressão vai ;contra os interesses palestinos;.
Lembrança
Segundo o jornal The Jerusalem Post, os militantes acertaram os alvos de longe e, ainda assim, se aproximaram para disparar a curta distância. ;Quando chegamos ao local, todas as quatro portas do carro estavam abertas e os quatro corpos, estendidos na estrada;, afirmou o paramédico Guy Ronen. ;Os órgãos vitais haviam sido atingidos por um grande número de balas, não havia chance de salvar suas vidas;, acrescentou. Parlamentares da coalizão União Nacional pediram ao premiê que congele as conversas com Obama e Abbas. ;O ataque é uma lembrança a Netanyahu de quem são seus parceiros;, disse Michael Ben-Ari. ;As negociações do governo do (partido) Likud com o terrorista Abu Mazen (Mahmud Abbas) são um impulso de energia para os homicidas e o terror.;
O iraquiano Alon Ben-Meir, professor de relações internacionais da Universidade de Nova York, não acha que o atentado prejudicará os esforços de paz. ;Quando conversei com membros dos governos de Israel e da Autoridade Palestina, percebi que esse tipo de provocação já era esperado. Eles se mostraram determinados a seguir com o processo;, explicou. O analista aposta que as IDF darão uma resposta ;proporcional e calculada; ao atentado, a fim de não sabotar as negociações em Washington.
743
Número aproximado de civis israelenses mortos por militantes palestinos desde 29 de setembro de 2000, segundo a organização não governamental B;Tselem.
Ouça entrevistas com Fawzi Barhoum, líder do Hamas
Ouça entrevistas com o especialista Alon Ben-Meir