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Polícia ocupa parte da periferia de Maputo para tentar conter manifestações

postado em 02/09/2010 09:59
Maputo (Moçambique) ; A polícia de Moçambique ocupou parte da periferia de Maputo para tentar evitar a repetição das manifestações que paralisaram a cidade nesta quarta-feira (1;/9). Caminhões com bancos externos carregam policiais armados e bombas de gás lacrimogênio pelas avenidas da região de Maxaquene. Eles também apitam e disparam balas de borracha para dispersar grupos de pessoas que se aglomeram nas vielas e esquinas.

;Não queremos balas, queremos pão;, gritou uma senhora que não quis se identificar, enquanto caminhava pela avenida vazia.

Mesmo com todo o aparato, uma geladeira queimava, soltando fumaça preta, no meio da Avenida Joaquim Chissano. Ela não impedia a passagem dos carros. Havia sido posta ali por manifestantes, que voltaram a reclamar da alta do custo de vida, principalmente da água, luz e pão, cujos novos preços passaram a vigorar em setembro.

Mais uma vez não há transporte público. As vans ; conhecidas como chapas 100 - não circularam de manhã. Os ônibus ; os maximbombos - são poucos e vários foram danificados durante os protestos de ontem. Não há bloqueios nas pistas.

[SAIBAMAIS]As escolas suspenderam as aulas mais uma vez. Como ontem, muita gente tenta chegar ao trabalho caminhando longas distâncias. O comércio teve dificuldades de abrir as portas e muitos estabelecimentos seguem fechados. Havia filas nas padarias, pois nem todas estavam abertas.

Fora os da polícia, poucos veículos circulavam pela Avenida Acordos de Lusaka. Nas calçadas, restos de pneus queimados ainda soltavam fumaça. A fuligem e os cacos de vidro estão espalhadas pelo asfalto. Perto dali, uma escavadeira recolhia restos de construção que foram usados ontem para bloquear a pista, durante as manifestações que deixaram quatro mortos, de acordo com a Polícia da República de Moçambique (PRM).

Tiros eram ouvidos agora de manhã e, segundo os moradores, também durante a madrugada. Falando à TV pública local, o porta-voz da PRM, Pedro Cossa, afirmou que foram casos isolados. Cossa também disse que a polícia ;agiu com os meios que tem; para desobstruir as ruas. ;Não somos a polícia francesa, ou a brasileira;. Ele reiterou que foram usadas balas de borracha.

Nessa quarta-feira (1;/9), barricadas impossibilitaram a passagem dos carros por várias avenidas de Maputo. Alguns foram incendiados. Lojas e bancos ficaram fechados. Houve saques nos mercados. Nem sequer os voos partiram do aeroporto. A Feira Internacional de Moçambique (Facim) não abriu ontem.

Houve choques com a polícia em muitos bloqueios, que resultaram na prisão de 142 pessoas. Pelas contas da PRM, 27 ficaram feridas. Mas, de acordo com a Cruz Vermelha, pelo menos 46 pessoas deram entrada com ferimentos somente no Hospital Central de Maputo.

Os protestos, sem um comando conhecido, foram convocados por mensagens enviadas para os telefones celulares. Ontem à noite, algumas circulavam felicitando a população pela greve e informando que ela deve seguir até esta sexta-feira (3/9).

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