Agência France-Presse
postado em 02/09/2010 10:56
Israel e a Autoridade Palestina lançaram uma ofensiva na Cisjordânia contra o Hamas, após os dois atentados cometidos em 24 horas contra israelenses e que ameaçam o diálogo retomado entre as duas partes nesta quinta-feira, em Washington.O Hamas reivindicou duas ;operações heroicas; contra colonos, a primeira na terça-feira, que custou a vida de quatro israelenses perto de Hebron, e a segunda na noite de quarta, que feriu duas pessoas a leste de Ramallah, capital política da Cisjordânia.
Um oficial israelense elogiou a cooperação entre o exército israelense e os serviços de segurança palestinos. "A cooperação se mantém, apesar dos atentados, e chega até a níveis mais elevados desde os acordos de Oslo em 1993", declarou à AFP um oficial da administração militar israelense na Cisjordânia.
"Os serviços de segurança da Autoridade Palestina prenderam centenas de terroristas do Hamas desde os atentados", acrescentou o oficial, que pediu o anonimato.
[SAIBAMAIS]Outro militar, o general Nitzan Alon, também da Cisjordânia, advertiu em entrevista à rádio militar que "pode haver outros atentados enquanto o processo político (de negociações) é retomado".
O braço armado do Hamas, as brigadas Ezzedin Al Qassam, afirmou que a "operação em Ramallah foi uma mensagem àqueles que prometeram aos sionistas que a operação de Hebron não se repetiria".
Nesta quinta, o Hamas afirmou prosseguirá com as ações anti-israelenses nos territórios ocupados, apesar da onda de detenções de simpatizantes do grupo na Cisjordânia por parte da Autoridade Palestina em cooperação com Israel.
"As operações de resistência continuarão e estas ações não conseguirão fragilizar a resistência nem dar segurança à ocupação israelense", declarou em uma entrevista coletiva em Gaza Sami Abu Zuhri, porta-voz do Hamas.
"Os verdadeiros representantes do povo palestino são as forças da resistência", completou o dirigente.
A direção do Hamas em Gaza informou nesta quinta-feira que 550 militantes, simpatizantes e familiares de integrantes do grupo foram detidos pela Autoridade Palestina.
O grupo radical, que se opõe às conversações entre Israel e a Autoridade Palestina presidida por Mahmud Abbas, acusa este último e as forças de segurança de conluio com o "inimigo sionista, para destruir a resistência".
Os dois ataques aconteceram quando Abbas e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, chegavam a Washington para a retomada das discussões de paz, organizada sob os auspícios do presidente americano, Barack Obama.
Analistas afirmam que, embora os recentes atentados do Hamas tenham vitimado israelenses, seu alvo real eram os negociadores da Autoridade Palestina em Washington.
"O Hamas foi deixado de fora das negociações, então esta é a maneira do Hamas de dizer ;nós existimos, estamos dispostos e somos capazes de afundar qualquer negociação que não nos incluir;. É um comunicado político", estimou o especialista palestino Daoud Kuttab.
Ou, nas palavras do porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri: "o real representante do povo palestino é o poder da resistência".
Atingindo os colonos, o Hamas também conseguiu chamar atenção para o que muitos palestinos veem como uma falha grave na última rodada das discussões: a incapacidade de Abbas de garantir o fim dos assentamentos judaicos.
"Eles estão dizendo que as colônias são o centro do problema", estimou Kuttab.
"O Hamas deseja destruir as negociações diretas, e está preparado para polarizar ainda mais os palestinos, dividindo-os entre aqueles que são a favor das negociações e aqueles que são contra", indicou por sua vez Abdelmajid Suallem, analista palestino.