Os líderes israelenses e palestinos retomaram nesta quinta-feira (2/9), em Washington, suas conversações diretas visando a um acordo de paz, depois de vinte meses de distanciamento - uma nova tentativa marcada por muito ceticismo e novos atos de violência.
A secretária de Estado americana Hillary Clinton reuniu-se com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, na sede do departamento de Estado. "Quero agradecer a todos por estarem hoje conosco para retomar as negociações", afirmou Hillary a ambos os líderes, a quem elogiou por sua coragem e compromisso.
"Sei que a decisão de sentar-se a essa mesa não foi fácil", declarou.
Netanyahu afirmou, logo no início do encontro, que uma paz duradoura só será obtida com concessões dolorosas de ambas as partes e pediu aos palestinos que reconheçam Israel como um Estado judeu.
"A segurança é essencial e vital tanto para nós como para vocês, e não aceitaremos que ninguém cometa atos contra sua e nossa segurança", respondeu Abbas.
O enviado americano para o Oriente Médio, George Mitchell, e outros altos funcionários americanos prosseguirão com as discussões junto a Netanyahu, Abbas e suas respectivas equipes durante algumas horas.
Os líderes começaram a abordar assuntos centrais que fizeram fracassar durante décadas as tentativas de alcançar a paz, ou seja, a segurança de Israel, as fronteiras de um futuro Estado palestino, o direito de retorno dos refugiados e o estatuto de Jerusalém, reclamada por ambas as partes como sua capital.
Analistas esperam que as duas partes abordem primeiro os temas menos conflituosos, como a segurança e as fronteiras.
[SAIBAMAIS]O presidente egípcio, Hosni Mubarak, que se encontra na Casa Branca para ajudar a mediar as negociações, pediu na véspera ao presidente Barack Obama que use de todo o peso dos Estados Unidos nessas negociações.
Abbas e Netanyahu já haviam mencionado antes alguns dos temas nevrálgicos durante o diálogo de proximidade que teve início em maio, sem dar sinais de avanços.
Abbas negou-se a iniciar negociações diretas sem um cessar total da construção de assentamentos na Cisjordânia, mas cedeu ante a pressão deo Obama.
Também alertou que uma retomada da colonização após o fim do embargo israelense, em 26 de setembro, condenará as negociações ao fracasso.
Paralelamente às negociações, Israel e a Autoridade Palestina lançaram uma ofensiva na Cisjordânia contra o Hamas, após os dois atentados cometidos em 24 horas contra israelenses e que ameaçam o diálogo entre as duas partes.
O Hamas reivindicou duas ;operações heroicas; contra colonos, a primeira na terça-feira, que custou a vida de quatro israelenses perto de Hebron, e a segunda na noite de quarta, que feriu duas pessoas a leste de Ramallah, capital política da Cisjordânia.
Um oficial israelense elogiou a cooperação entre o exército israelense e os serviços de segurança palestinos. "A cooperação se mantém, apesar dos atentados, e chega até a níveis mais elevados desde os acordos de Oslo em 1993", declarou à AFP um oficial da administração militar israelense na Cisjordânia.
Nesta quinta, o Hamas afirmou que prosseguirá com as ações anti-israelenses nos territórios ocupados, apesar da onda de detenções de simpatizantes do grupo na Cisjordânia por parte da Autoridade Palestina em cooperação com Israel.
"As operações de resistência continuarão e estas ações não conseguirão fragilizar a resistência nem dar segurança à ocupação israelense", declarou em uma entrevista coletiva, em Gaza, Sami Abu Zuhri, porta-voz do Hamas.
"Os verdadeiros representantes do povo palestino são as forças da resistência", completou o dirigente.
A direção do Hamas em Gaza informou nesta quinta-feira que 550 militantes, simpatizantes e familiares de integrantes do grupo foram detidos pela Autoridade Palestina.
O grupo radical, que se opõe às conversações entre Israel e a Autoridade Palestina presidida por Mahmud Abbas, acusa este último e as forças de segurança de conluio com o "inimigo sionista, para destruir a resistência".