postado em 02/09/2010 16:35
Brasília ; Representantes do presidente do México, Felipe Calderón, convocaram para a tarde desta quinta-feira (2/9) uma reunião com o embaixador do Brasil no país, Sérgio Florêncio, o cônsul-geral, Márcio Araújo Lage, e diplomatas de Honduras, El Salvador e Guatemala. O tema será a chacina em que 72 imigrantes foram fuzilados na fronteira com os Estados Unidos.A Embaixada do México no Brasil disse à Agência Brasil que o objetivo da reunião é informar às autoridades estrangeiras sobre a evolução nos trabalhos de identificação dos 31 corpos, definir o translado das vítimas para cada país e o apoio técnico para as operações.
Lage disse que aguarda definição sobre a liberação do corpo do único brasileiro identificado até o momento, Juliard Aires Fernandes, de 20 anos. ;Por enquanto, aguardamos informações sobre a liberação do corpo. Não há uma estimativa sobre quando isso deve ocorrer;, disse o diplomata. Ontem, 16 corpos de imigrantes ilegais hondurenhos chegaram em Tegucigalpa, capital do país.
O cônsul-geral afirmou ainda que não foi confirmada a identificação do corpo de outro brasileiro, Hermínio Cardoso dos Santos, de 24 anos, cujos documentos foram encontrados no local do crime. Porém, parentes de Santos e Fernandes relataram que os dois amigos viajaram juntos e tinham o objetivo de chegar aos Estados Unidos.
Convocada pelo governo mexicano, a reunião tem também a participação de representantes da Polícia Nacional, da Procuradoria-Geral da República e da Secretaria de Relações Exteriores.
O equatoriano Freddy Lala, que sobreviveu à chacina, afirmou que os imigrantes foram sequestrados pelos criminosos e mortos a tiros porque se recusaram a trabalhar para eles. Ontem, o governo mexicano confirmou que há mais um sobrevivente, de origem hondurenha. Ele está sob proteção policial especial para ajudar nas investigações.
O crime ocorreu há pouco mais de uma semana. Os corpos dos imigrantes foram encontrados em uma fazenda na região de Reynosa, no estado de Tamaulipas. O crime chocou pelos requintes de violência. Os 58 homens e as 14 mulheres foram amordaçados, tiveram mãos e pés amarrados e colocados de costas para a parede. Em seguida, foram fuzilados. A desconfiança é que cartéis de tráfico de pessoas e drogas estejam por trás do massacre.
Ontem, 56 corpos chegaram à Cidade do México e foram encaminhados para perícia no Serviço Médico Forense, onde serão embalsamados para evitar a decomposição. Em seguida, serão feitos exames de análises odontológica e antropológica e de DNA.