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Abbas e Netanyahu põem em prática programa de trabalho pela paz

Agência France-Presse
postado em 02/09/2010 20:29
Washington - O palestino Mahmud Abbas e o israelense Benjamin Netanyahu se comprometeram nesta quinta-feira (2/9) a se encontrar a cada duas semanas, em busca da paz no Oriente Médio em um ano - como primeiro resultado da reabertura de diálogo, incentivado pelos Estados Unidos.

O presidente Barack Obama, que trabalha nisso desde a posse, se disse "encorajado" pela atitude dos dois dirigentes em Washington, durante o primeiro diálogo de paz depois de 20 meses.

Após cerca de 80 minutos de conversa, acompanhada pela secretária de Estado Hillary Clinton, o primeiro-ministro de Israel e o presidente da Autoridade palestina tiveram um encontro a sós de uma hora e meia no escritório de Hillary. A jornada de diálogo foi concluída após outros 20 minutos de discussão entre as partes envolvidas.

O emissário americano para o Oriente Médio, George Mitchell, lembrou que Netanyahu e Abbas voltarão a se encontrar em 14 e 15 de setembro; depois, novamente, "a cada duas semanas".

O próximo encontro ocorrerá na estação balneária egípcia de Sharm-el-Sheikh, precisaram dirigentes palestinos. Prova da firmeza do compromisso americano neste processo, George Mitchell e Hillary Clinton também vão participar.

Netanyahu e Abbas chegaram a um acordo nesta quinta-feira sobre o método. Segundo Mitchell, eles estimam que "a próxima etapa lógica seria começar a trabalhar num acordo voltado para um estatuto permanente".

"O objetivo disso", explicou Mitchell, "será estabelecer os compromissos necessários, que permitirão chegar a um tratado global que porá fim ao conflito, além de concretizar uma paz durável para Israel e os palestinos". "Nosso objetivo é resolver todos os assuntos principais de divergência em um ano", lembrou.

O emissário evitou falar sobre o conteúdo das discussões desta quinta-feira, insistindo em seu caráter "sensível".

Mas Nabil Chaath, um alto dirigente palestino, afirmou que Abbas e Netanyahu chegaram a um entendimento para "discutir em primeiro lugar a questão das fronteiras".

No começo da manhã, diante das câmeras de televisão, Netanyahu destacou que haveria "concessões dolorosas dos dois lados". "Reconheçam Israel como Estado-nação do povo judeu", pediu ele a Mahmud Abbas. "Parem completamente a colonização e o embargo a Gaza", respondeu Abbas.

Os dois homens demonstraram solidariedade ante os ataques dos últimos dias na Cisjordânia, assumidos pelo Hamas islamita, incluído entre "os inimigos da paz".

Sorridentes, eles apertaram as mãos ao fim dos discursos. Imagem incomum, Mahmud Abbas levantou o polegar em direção a Benjamin Netanyahu, em sinal de apreciação.

O presidente Barack Obama havia feito um apelo na noite de quarta-feira aos protagonistas a dar uma "chance" à paz, reconhecendo as dificuldades.

O trabalho é imenso, as posições são muito diferentes em relação a vários assuntos.

Os palestinos querem fundar o Estado no conjunto dos territórios ocupados por Israel desde 1967. Estão prontos a aceitar mudanças, mas isto não bastará para resolver a questão do estatuto de Jerusalém, que teve a parte oriental anexada por Israel e que o Estado hebreu defende como a capital indivisível.

Os negociadores da paz deverão igualmente encontrar uma solução para problemas tão espinhosos como a questão dos refugiados ou a partilha da água.

A frágil esperança encontrará um primeiro obstáculo de vulto a partir de 26 de setembro.

Netanyahu disse que não vai querer prorrogar a moratória parcial sobre os assentamentos judeus na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental. Mas, segundo Chaath, Mahmud Abbas teria dito nesta quinta-feira ao dirigente israelense que "sem o fim da colonização, não poderemos prosseguir com as negociações".

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