Agência France-Presse
postado em 03/09/2010 09:32
A retomada das negociações de paz entre israelenses e palestinos na quinta-feira (2/9) em Washington é uma luz no fim do túnel para o Oriente Médio, apesar das persistentes dúvidas acerca de seus resultados, estimou nesta sexta a imprensa israelense."Um primeiro passo" é a manchete esperançosa do Yediot Aharonot, que, assim como seus concorrentes, destaca o tom moderado do discurso do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu.
"É possível que tudo isso não passe de um teatro, que Netanyahu esteja tentando, antes de mais nada, agradar ao governo americano, e que suas declarações busquem apenas jogar para o campo adversário a responsabilidade de um fracasso. Mas, se for mesmo um teatro, é preciso admitir que sua atuação é boa", escreveu na primeira página do Yediot Nahum Barnea, seu principal editorialista.
"E talvez não seja um show. Não apenas um show. Não desta vez", acrescentou o analista, aludindo aos 17 anos de conversações israelense-palestinas infrutíferas, destacando "o compromisso pessoal de Netanyahu para conseguir a paz".
"O caminho começa", anunciou o Maariv sob a fotografia de um sorridente premier israelense, ao lado de um taciturno presidente palestino Mahmud Abbas.
[SAIBAMAIS]"Netanyahu fala sério? Está maduro o bastante para um acordo de paz histórico?", indaga por sua vez o Maariv, com algum ceticismo. "As opiniões divergem: até seu discurso em Washington, a maioria dos comentaristas estimava que ele estava representando um papel. Mas seu discurso surpreendeu".
"A esperança misturada à dúvida", resumiu o Israel Hayom, publicação que apoia o primeiro-ministro.
Já o influente Haaretz, mais próximo à esquerda israelense, também reconheceu que "Netanyahu surpreendeu quando chamou Abbas de ;interlocutor para chegar à paz;".
Durante muito tempo, a direita israelense criticou os palestinos por não serem interlocutores confiáveis para alcançar uma resolução definitiva do conflito.
No campo nacionalista e religioso, o jornal Makor Rishon chama Netanyahu de "esquerdista" e o acusa de estar disposto a entregar os colonos judeus da Cisjordânia a uma soberania palestina.
Na quinta-feira, Abbas e Netanyahu se comprometeram a reunir-se a cada duas semanas a partir do ano que vem para tentar chegar aos termos do acordo de paz.