postado em 03/09/2010 11:41
Brasília - O drama das famílias dos 33 trabalhadores, soterrados há quase um mês, na mina de San José, no Deserto do Atacama, no Chile, virou relato diário. A agência BBC Brasil teve acesso a alguns dos documentos que mostram as queixas dos mineiros, problemas de saúde, a angústia, o esforço para manter o bom-humor e a esperança na retirada. As autoridades chilenas estimam que o resgate demore de três a quatro meses.A angústia dos que esperam pelos resgates dos parentes é relatada em detalhes por duas filhas do mineiro Omar Reygada, de 56 anos. Ele e mais 32 trabalhadores estão soterrados a 700 metros de profundidade. Todos eles são monitorados 24 horas por especialistas e profissionais de saúde. Além do resgate, a preocupação das autoridades chilenas é com a manutenção do bem-estar físico e mental dos mineiros.
A filha de Reygada, Ximena Reygada, conta que a família não quer que o pai volte a trabalhar em minas de cobre e ouro, comuns no Chile. Segundo ela, o salário do pai foi depositado corretamente na conta dele e que a única comunicação entre o trabalhador e os parentes é por meio de carta ou bilhetes.
[SAIBAMAIS]No último bilhete, Reygada contou que está bem e pediu tranquilidade e orações à família. Segundo Ximena, a reação do governo e dos chilenos têm ;sido excelente;. A outra filha de Reygada, Marcela, afirmou que a empresa responsável pela mina pediu que as famílias deixassem o local. Mas segundo ela, todos os parentes das vítimas permanecerão acompanhando as operações de resgate.
Os parentes dos trabalhadores soterrados armaram barracas e batizaram o local de Acampamento da Esperança. Segundo as filhas de Reygada, a angústia é constante entre todos eles. Ximena e Marcela disseram que lentamente as famílias tentam retomar o ritmo normal da vida de antes do acidente ; ocorrido em 5 de agosto.
;Agora meus irmãos voltaram a trabalhar em Copiapo, que fica a 40 quilômetros da mina [de San José];, disse Marcela. ;A vida no acampamento não é difícil. Eu tento me manter ocupada. Eu varro, limpo e escrevo cartas para meu pai. Nós temos tudo que precisamos, como banheiros e fogões. As autoridades mantêm reuniões diárias, às 18h, todos os dias. Eles nos contam as novidades e trazem atualizações sobre os trabalhos;, acrescentou ela.