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Blair cancela sessão de autógrafos em Londres por temer novos ataques

postado em 06/09/2010 12:19
O ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair anunciou, nesta segunda-feira (6/9), que decidiu cancelar uma sessão de autógrafos prevista para quarta-feira, em Londres, depois dos incidentes registrados no sábado, em um evento similar em Dublin, onde foi recebido com uma chuva de ovos e sapatos.

"Decidi não seguir adiante com a sessão de autógrafos porque não quero que o público seja irritado pelo inevitável fastio causado pelos manifestantes", explicou o ex-primeiro-ministro trabalhista (1997-2007) em um comunicado divulgado por sua assessoria.

Blair disse ainda que não deseja dar mais trabalho à polícia simplesmente por causa de uma sessão de autógrafos, a única aparição pública sua que estava programada em Londres.

"Sinto muito pelos que - como sempre a maioria - teriam vindo para que eu assinasse pessoalmente o livro. Esperam que entendam", acrescentou.

O ex-primeiro-ministro iria dar os autógrafos numa livraria do centro de Londres no lançamento de seu novo livro de memórias, intitulado "A Journey", no qual defende a controvertida invasão do Iraque em 2003.

Na sessão de autógrafos de sábado, em Dublin, no entanto, os manifestantes tentaram acertar Blair com vários objetos, como sapatos, ovos e até garrafas.

Quase 200 pessoas se reuniram na manhã de sábado diante de uma livraria do centro da capital irlandesa em que estava programada uma sessão de autógrafos.

"Blair mentiu, milhões de pessoas morreram", "Mandem-no para a prisão por genocídio", afirmavam algumas faixas exibidas pelos manifestantes.

Uma militante conseguiu escapar do cordão de isolamento policial e entrou na livraria para efetuar a "detenção cidadã" do ex-primeiro-ministro. Na teoria, a lei irlandesa autoriza uma pessoa sem autoridade policial a prender alguém que tenha cometido um crime, embora isso quase nunca ocorra.

"Disse a ele que estava aqui para detê-lo por crimes de guerra no Iraque. Blair baixou a cabeça e depois cinco agentes de segurança me agarraram e me levaram para fora", contou em um comunicado Kate O;Sullivan, militante de um movimento pró-palestino.

Algumas pessoas foram detidas, segundo a polícia irlandesa.

Na autobiografia, que já está na lista de livros mais vendidos, Tony Blair defende mais uma vez a decisão de ter comprometido, em 2003, seu país na guerra contra o Iraque.

Centenas de pessoas fizeram fila para que autografasse um exemplar de seu livro. "Queria vê-lo, é um dos mais importantes líderes de sua geração", declarou à AFP Killian Kiely, de 21 anos.

Figura polêmica em seu país, o ex-chefe de Governo mantém uma boa imagem na Irlanda por ter impulsionado a assinatura dos acordos de paz de 1998 no Ulster.

Um grupo foi criado no site de relacionamentos Facebook pedindo aos opositores que tirem o livro de Blair da seção "autobiografia" para colocá-lo nas prateleiras "Crime".

O ex-líder-trabalhista prometeu reverter todos os direitos autorais para uma organização de assistência a militares, com um adiantamento de 4,6 milhões de libras (5,6 milhões de euros).

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