postado em 06/09/2010 17:54
Rio de Janeiro - Representantes da comunidade cigana aproveitaram o Encontro da Diversidade Cultural Brasileira, realizado desde o último sábado (4/9) pelo Ministério da Cultura (Minc) no Rio de Janeiro, para protestar contra a discriminação que enfrentam em vários países. Hoje (6/9), o presidente da organização não governamental (ONG) Embaixada Cigana do Brasil, de São Paulo, Nicolas Ramanush, entregou ao secretário de Identidade e Diversidade Cultural do Minc, Américo Córdula, moção de repúdio à atitude do presidente da França, Nicolas Sarkozy, de deportar os ciganos residentes na França. Ele pediu que todos os participantes do evento assinassem o documento.De acordo com Ramanush, o encontro da Diversidade Cultural é uma oportunidade para pedir ajuda ao governo brasileiro à causa cigana. Segundo ele, ;Sarkozy poderia aprender com o presidente Lula um pouco mais sobre direitos humanos;. Ramanush disse que a decisão de Sarkozy é política. ;Todos os ciganos que ele diz que estão ilegais no país têm até a terceira geração nascida na França. Portanto, são franceses;. Apesar disso, acrescentou, os ciganos vivem em guetos na França, como se fossem ;franceses de segunda classe;.
De acordo com cálculos da ONG, esses ciganos somam em torno de 400 mil pessoas, das quais somente 10 mil representariam problema social. ;O que devemos ter em mente é que eles são cidadãos franceses que, infelizmente, não sabem como lutar pelos seus direitos;. Ramanush afirmou que essa prática de deportação não é novidade na França. ;Vez por outra, eles fazem isso. E, dessa vez, o bode expiatório são os ciganos. Se aceitarmos isso calados, a coisa vai continuar acontecendo;.
Para Orlando Gomes Carneiro, do grupo cigano hispânico Luna Gitana, do Rio de Janeiro e Niterói, o presidente francês está tentando reeditar o que ocorria há muitos anos, quando havia placas nas fronteiras do país com os dizeres Interditado aos Ciganos. Para ele, trata-se de uma ;discriminação cultural e étnica;.