Agência France-Presse
postado em 08/09/2010 16:19
Londres - O ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair adiou uma sessão de autógrafos prevista para lançar o livro de memória no museu Tate Modern de Londres na noite desta quarta-feira (8/9) depois de manifestantes antiguerra ameaçaram impedir o evento, informou a assessoria.O anúncio ocorre depois que Blair cancelou um ato similar organizado numa livraria do centro de Londres.
O ex-primeiro-ministro autografaria o novo livro de memórias, intitulado "A Journey", no qual defende a controvertida invasão do Iraque em 2003.
Segundo Blair, a decisão de adiar os eventos foi tomada para evitar maiores distúrbios.
Na sessão de autógrafos de sábado, em Dublin, os manifestantes tentaram acertar Blair com vários objetos, como sapatos, ovos e até garrafas.
Quase 200 pessoas se reuniram na manhã do último sábado diante de uma livraria do centro da capital irlandesa em que estava programada uma sessão de autógrafos.
"Blair mentiu, milhões de pessoas morreram", "Mandem-no para a prisão por genocídio", afirmavam algumas faixas exibidas pelos manifestantes.
Uma militante conseguiu escapar do cordão de isolamento policial e entrou na livraria para efetuar a "detenção cidadã" do ex-primeiro-ministro. Na teoria, a lei irlandesa autoriza uma pessoa sem autoridade policial a prender alguém que tenha cometido um crime, embora isso quase nunca ocorra.
"Disse a ele que estava aqui para detê-lo por crimes de guerra no Iraque. Blair baixou a cabeça e depois cinco agentes de segurança me agarraram e me levaram para fora", contou em um comunicado Kate O;Sullivan, militante de um movimento pró-palestino.
Algumas pessoas foram detidas, segundo a polícia irlandesa.
Na autobiografia, que já está na lista de livros mais vendidos, Tony Blair defende mais uma vez a decisão de ter comprometido, em 2003, o país na guerra contra o Iraque.
Centenas de pessoas fizeram fila para que autografasse um exemplar do livro. "Queria vê-lo, é um dos mais importantes líderes da geração", declarou à AFP Killian Kiely, de 21 anos.
Figura polêmica no país, o ex-chefe de Governo mantém uma boa imagem na Irlanda por ter impulsionado a assinatura dos acordos de paz de 1998 no Ulster.
Um grupo foi criado no site de relacionamentos Facebook pedindo aos opositores que tirem o livro de Blair da seção "autobiografia" para colocá-lo nas prateleiras "Crime".
O ex-líder trabalhista prometeu reverter todos os direitos autorais para uma organização de assistência a militares, com um adiantamento de 4,6 milhões de libras (5,6 milhões de euros).