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Justiça nega que iraniana condenada à morte foi chicoteada na prisão

Agência France-Presse
postado em 08/09/2010 16:54
Teerã - A iraniana que enfrenta condenação à morte por apedrejamento teria expressado surpresa ao ler notícias de que foi chicoteada na prisão, após um jornal britânico ter publicado uma foto em que apareceria sem turbante, informou nesta quarta-feira (8/9) um funcionário do Judiciário iraniano à agência Fars.

Vahid Kazemzadeh, que é membro da Comissão de Direitos Humanos Islâmica, também confirmou que a sentença de morte contra Sakineh Mohammadi-Ashtiani se encontra suspensa desde julho, informou a Fars.

"Ela não estava ciente e ficou surpresa com as notícias de que teria recebido chicotadas, depois que um jornal britânico publicou uma foto que não era dela e que erroneamente mencionava seu nome", disse Kazemzadeh.

O filho de Mohammadi-Ashtiani afirmou, em uma coletiva por telefone realizada em Paris na última segunda-feira, ter ouvido a notícia de que sua mãe de 43 anos havia recebido 99 chicotadas na prisão depois que o The Times, de Londres, publicou em 28 de agosto uma foto supostamente de Mohammadi-Ashtiani mostrando o cabelo.

Por lei, as mulheres da República Islâmica precisam se cobrir da cabeça aos pés, não podendo mostrar sequer os cabelos.

Kazemzadeh disse que a sentença de morte contra Mohammadi-Ashtiani foi "suspensa sob ordens do chefe do Judiciário e não será aplicada no momento", confirmando o que funcionários do governo iraniano vêm dizendo desde julho.

Ontem, o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores do Irã, Ramin Mehmanparast, disse que a sentença de morte por apedrejamento permanecia suspensa enquanto ainda faltava um veredito final para o caso.

Kazemzadeh disse que Mohammadi-Ashtiani fez reclamações sobre o fato de nunca ter encontrado o advogado, Mohammad Mostafaie, pessoalmente.

"Ashtiani alega nunca ter encontrado Mohammad Mostafaine, o advogado que manchou a reputação dela e da família, por conduzir entrevistas e espalhar notícias sem o consentimento", disse Kazemzadeh.

Ele afirma que a mulher pagou US$ 2 mil a Mostafaie para representá-la, mas ele teria saído do país.

"O mundo inteiro está ciente da minha situação, por conta da péssima ação de Mostafaie. Estou pronta para me apresentar à mídia e à televisão a qualquer hora para me defender", disse Kazemzadeh, citando declarações de Mohammadi-Ashtiani, adicionando que ela apresentou a reclamação sobre o advogado ao Judiciário.

Kazemzadeh disse que a condenada, que tem dois filhos, Farideh e Sajjad, disse a ele que continua recebendo visitas semanais da família.

Na segunda-feira, Sajjad disse não ter tido contato com a mãe desde 11 de agosto, quando ela teria feito uma confissão televisionada na qual admitia ter tido participação no assassinato do marido.

Sajjad disse temer que a mãe seja executada depois do Ramadã, um mês sagrado muçulmano que termina nesta semana.

Funcionários do Judiciário afirmam que Mohammadi-Ashtiani foi sentenciada à morte por apedrejamento por adultério. Ela também recebeu uma sentença de 10 anos de prisão por participação no assassinato do marido.

Diversos países do mundo e organizações de defesa dos direitos humanos denunciaram a condenação como bárbara, e alguns questionaram se a mulher teria recebido um julgamento justo.

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