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Filho de Sakineh pede ao Brasil mais pressão pela liberdade da mãe

postado em 10/09/2010 08:00
Um dia depois de um porta-voz do regime iraniano ter anunciado que está suspensa a execução por apedrejamento de Sakineh Ashtiani, de 43 anos, condenada por adultério e suposto envolvimento no assassinato do marido, a família continua apreensiva e pede que a comunidade internacional mantenha o regime islâmico sob pressão. ;Eu peço aos oito países industriais, à Turquia, ao Brasil e ao mundo inteiro que continuem pressionando e não deem o caso como resolvido;, escreveu Sajad Ghaderzadeh, filho da condenada, em carta aberta dirigida à comunidade internacional.

;Já que ainda não recebemos um documento oficial e legal que determine a interrupção da sentença de apedrejamento e execução, não aceitamos o anúncio (do governo);, diz o texto, distribuído à imprensa internacional pelo Comitê Internacional contra o Apedrejamento. ;Sajad, filho de Sakineh Mohammadi Ashtiani;, como ele assina a carta, desautoriza uma vez mais as confissões de culpa atribuídas à sua mãe pelas autoridades iranianas ; ;as declarações não foram feitas na presença de nosso advogado; ; e reafirma a convicção da inocência plena da mãe. ;Nós, os filhos, declaramos que nossa mãe é inocente e deveria ser libertada pela República Islâmica, imediatamente e sem condições.;

A menção nominal ao Brasil, que apelou diretamente ao Irã pela vida de Sakineh ; o presidente Lula, que trata como ;amigo; o colega Mahmud Ahmadinejad, chegou a oferecer publicamente asilo à condenada, opção descartada até aqui por Teerã ;, foi vista por ativistas próximos à família como um reconhecimento. ;Acho que Sajad é grato pela intervenção do Brasil;, disse ao Correio, por e-mail, Maryam Namazie, exilada em Londres e ligada a movimentos de solidariedade à oposição do Irã. ;É importante que o governo brasileiro tenha se apresentado na tentativa de salvar Sakineh;, completou a militante.

Campanha
Em Bruxelas, capital da Bélgica e sede das principais instituições da União Europeia, a advogada iraniana Shirin Ebadi, ganhadora do prêmio Nobel da Paz por sua militância pelos direitos humanos, aproveitou um encontro com dirigentes europeus para reforçar a campanha pelo fim das execuções por apedrejamento em seu país. Ebadi admitiu que considera ;pequenas; as chances de evitar que a sentença contra Sakineh seja cumprida, mas insistiu com os líderes ocidentais para que se empenhem por outras condenadas. ;Além dela, existem outras no Irã que aguardam a pena de apedrejamento. É preciso salvar todas;, apelou.

O porta-voz da chancelaria iraniana, Ramin Mehmanparast, anunciou na quarta-feira que o veredicto contra Sakineh seria submetido a revisão pelo Judiciário. Ontem, autoridades iranianas desmentiram que a condenada tenha sido sentenciada a mais 99 chibatadas, como foi noticiado no início da semana.

Americana libertada
Como ;gesto de clemência; pelo fim do Ramadã, mês sagrado de jejum para os muçulmanos, o governo iraniano libertará amanhã a montanhista americana Sarah Shourd, presa em 31 de julho do ano passado, depois de ter cruzado inadvertidamente a fronteira durante uma escalada no Curdistão iraquiano. Sarah, de 31 anos, estava com Shane Bauer e Joshua Felix, ambos de 27. O anúncio foi feito em Nova York pelo representante do país nas Nações Unidas, Bak Sharaei. Em maio último, os três receberam visita de suas mães na prisão de Evin, em Teerã, onde são mantidos.

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