Agência France-Presse
postado em 10/09/2010 16:27
Havana - O líder cubano Fidel Castro assegurou nesta sexta-feira (10/9) que a declaração de que o modelo cubano já não funciona nem mesmo para os cubanos foi mal interpretada pelo jornalista americano da revista The Atlantic, que o entrevistou em Havana.[SAIBAMAIS]"Sei o que expressei sem amargura nem preocupação. Divirto-me agora ao ver como ele interpretou ao pé da letra, depois de consultar Julia Sweig, repórter que o acompanhou e elaborou a teoria que expus", explicou.
"A realidade é que minha resposta significava exatamente o contrário do que os dois jornalistas americanos interpretaram", acrescentu o ex-presidente durante a apresentação da segunda parte do livro autobiográfico.
"O modelo cubano nem sequer funciona para nós", teria declarado Fidel a Goldberg, segundo a tradução para o inglês publicada na última quarta-feira no site http://www.theatlantic.com.
Entrevistado ao longo de vários dias pelo jornalista americano, Fidel Castro adotou um tom incomum de arrependimento sobre fatos do passado, revela a série de entrevista, que está sendo publicada desde a segunda-feira passada.
Castro, 84 anos, disse a Goldberg estar arrependido por ter pedido em 1962 ao líder soviético Nikita Kruschev, durante a crise dos mísseis, que atacasse os Estados Unidos com armas nucleares caso fosse preciso.
O ex-presidente cubano voltou recentemente à vida pública, particularmente para alertar sobre o risco de uma guerra nuclear no Oriente Médio devido à queda de braço entre Israel e Irã.
Na mesma entrevista, Fidel criticou a retórica antissemita usada pelo presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad: "Não acredito que alguém tenha sido mais difamado que os judeus. Diria que muito mais do que os muçulmanos. Foram mais difamados que os muçulmanos porque são acusados e caluniados por tudo. Ninguém culpa os muçulmanos de nada".
Goldberg foi convidado pelo próprio Fidel, que se interessou por um artigo sobre as tensões entre Irã e Israel.