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AIEA lamenta proibição do Irã à entrada de seus inspetores

Agência France-Presse
postado em 13/09/2010 21:17
Viena - O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o japonês Yukiya Amano, lamentou nesta segunda-feira (13/9) a decisão iraniana de impedir a entrada no país de inspetores da organização, na inauguração, em Viena, da reunião do Conselho de Governadores da agência.

"Soube, com grande pesar, da decisão do Irã de se opor à nomeação de dois inspetores que recentemente realizaram inspeções no Irã", disse Amano em discurso de abertura na reunião de outono (boreal) do conselho, que reúne 35 governadores da AIEA.

"As objeções reiteradas dos iranianos sobre a indicação de inspetores que têm um conhecimento dos ciclos de combustível nuclear e das instalações do Irã obstaculizam o processo de inspeção", acrescentou no início da reunião que durará toda a semana. "Se isto continuar, será problemático", afirmou Amano em entrevista coletiva posterior.

Em um relatório confidencial entregue na semana passada aos governadores, Amano já se queixava do veto iraniano.

Ele havia mencionado, em particular, a recusa do governo de Teerã de que os inspetores experientes voltassem ao Irã no fim de setembro porque teriam redigido informes equivocados.

Esses dois inspetores, que deviam voltar ao Irã para controlar as atividades do reator de pesquisas do país, haviam revelado que os iranianos faziam experiências nucleares não declaradas.

No entanto, Amano reiterou a confiança da AIEA nos inspetores. "Expresso a minha confiança no profissionalismo e na imparcialidade dos inspetores" rejeitados pelo governo iraniano, disse Amano. "Ambos conhecem o ciclo do combustível nuclear e têm uma longa experiência no Irã", acrescentou.

O embaixador do Irã na AIEA reagiu imediatamente. "Rejeito categoricamente a afirmação" de que o veto desses dois inspetores "ponha obstáculos" ao trabalho da agência no Irã, disse Ali Asghar Soltanieh em declarações à imprensa.

Segundo o embaixador iraniano, Teerã está no direito, pois o acordo sobre as medidas de garantia lhe permite vetar inspetores sem sequer dar motivos.

O diplomata qualificou, ainda, de "ridículas" as declarações sobre a decisão do Irã de vetar os inspetores quando a AIEA pode recorrer ao serviço de "mais de 150 inspetores".

No entanto, para o embaixador dos Estados Unidos na agência, Glyn Davies, a atitude iraniana visa a intimidar os inspetores.

Segundo ele, Teerã quer dar a entender que "se informarem o que virem e se (isto) constar no informe do diretor-geral, poderiam ser eliminados, metaforicamente".

Durante o encontro, o Conselho de Governadores da AIEA preparará a conferência-geral dos 151 Estados-membros da entidade, prevista para 20 de setembro.

Um dos temas principais da conferência será o projeto de resolução árabe sobre Israel e a questão nuclear no Oriente Médio.

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