Agência France-Presse
postado em 14/09/2010 15:35
Genebra - Economistas das Nações Unidas alertaram nesta terça-feira (14/9) que a retirada das medidas de estímulo às economias desenvolvidas poderá desencadear uma espiral deflacionária como a que atingiu a economia japonesa nos anos 1990."Este é um dos maiores problemas que temos no mundo econômico neste momento, há um perigo deflacionário dramático", disse Heiner Flassbeck, economista-sênior da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad).
O relatório anual da Unctad sobre comércio e desenvolvimento foi divulgado nesta terça-feirae informa que a economia global crescerá a uma média de 3,5% este ano, antes de se contrair novamente em 2011.
Também menciona que uma "saída prematura" do estado de intervenção para estimular a demanda poderia causar uma recuperação econômica "frágil".
"Uma continuidade da postura fiscal expansionista é necessária para evitar uma espiral deflacionária e uma posterior piora da situação do emprego", afirmou o relatório 2010.
"Está ficando claro que nem todos os países podem contar com as exportações para impulsionar o crescimento e o emprego; mais do que nunca, é necessário dar mais atenção ao fortalecimento da demanda doméstica", acrescentou.
Esse relatório prevê que o crescimento cairá no ano que vem, enquanto as medidas de estímulo são retiradas, prolongando deficiências sistêmicas, como desequilíbrios nas contas-correntes globais.
Flassbeck prevê que o crescimento global ficará em uma média de 2% a 2,5% em 2011.
O "thinktank" da ONU pediu que os países dos G20, de nações desenvolvidas e emergentes, mantenham a intenção de coordenar as políticas econômicas, em meio a sinais de que a retomada será significativamente diferente de cada lado do Atlântico e na China.
Flassbeck notou que os Estados Unidos têm perseguido uma política monetária "agressiva".
"Nós temos exatamente o mesmo perigo que ocorreu no Japão depois da explosão da bolha no começo dos anos 1990, esse problema agora ameaça a economia americana, porque a renda nos Estados Unidos está caindo pela primeira vez desde 1950", disse a jornalistas.
Nem EUA, China, zona do euro ou Japão estão na posição de servir de motor ao crescimento para a economia mundial, na medida em que os ajustes pós-crise reduziram o peso, afirmou o relatório.
Proprietários de residências foram forçados a cortar as dívidas e gastos nos Estados Unidos, enquanto a China está tentando mover-se de uma economia voltada às exportações para uma economia impulsionada pelo consumo interno. Os europeus, entretanto, preferiram a austeridade fiscal.