Agência France-Presse
postado em 14/09/2010 21:20
Paris - A capital francesa viveu um dia de medo nesta terça-feira (14/9) com alertas de bomba contra uma estação de metrô em pleno centro de Paris e na Torre Eiffel, monumento símbolo da Cidade Luz, que mobilizaram as forças de segurança na evacuação de turistas e passageiros.A polícia realizou trabalhos de varredura "sem que nada tivesse sido encontrado".
O primeiro alerta envolveu a Torre Eiffel e o Campo de Marte, parque público que fica nos arredores do monumento, que foram evacuados e isolados pela polícia.
"A sociedade que administra a Torre Eiffel recebeu uma ligação anônima por volta das 20h20" (locais, 15h20 de Brasília), informou à AFP um oficial da polícia parisiense.
A ligação foi feita de uma cabine telefônica parisiense, afirmou outra fonte policial, sem fornecer detalhes da mensagem.
"Unidades especiais, uma delas com cães farejadores, dirigiram-se ao local para fazer uma varredura na Torre Eiffel, andar por andar", acrescentou. Ao menos dez carros da polícia foram enviados ao complexo da Torre Eiffel.
Por volta das 21h locais (16h de Brasília), as cerca de duas mil pessoas que estavam no local, a maioria turistas franceses e estrangeiros, foram evacuadas calmamente e orientadas a permanecer nas margens do rio Sena e no setor leste do Campo de Marte, enquanto a torre e o entorno foram isolados.
"Estávamos na fila, esperando para visitar a torre, quando a polícia nos pediu para sair dali", contou à AFP Jack Taylor, um turista americano de 52 anos. "Não nos disseram por que", acrescentou.
Por volta das 23h30 locais (18h30 de Brasília), após uma meticulosa e infrutífera busca na torre, inclusive nas partes mecânicas, o dispositivo de segurança foi suspenso, constatou um jornalista da AFP.
"Foi um alerta falso", confirmou o comando da polícia.
A torre, de 324 metros de altura, tem três andares abertos à visitação e é um dos monumentos pagos mais visitados do mundo, com sete milhões de entradas por ano. Além disso, conta com dois restaurantes, e costuma fechar às 23h.
Cerca de uma hora depois da primeira ameaça de bomba, a estação de trens e metrô Saint-Michel, no centro de Paris, foi evacuada devido a outro alerta, provocado por um telefonema anônimo, informaram as empresas SNCF e RATP, responsáveis respectivamente pelos trens e pelo metrô parisienses.
A estação, que já tinha sido alvo de um atentado, em 1995, que deixou oito mortos e 150 feridos, foi esvaziada durante quase uma hora.
"As forças de ordem mandaram esvaziar a estação do RER C (trens de subúrbio) às 21h18 (locais, 16h18 de Brasília), após um telefonema anônimo alertando para uma bomba", informou a SNCF, encarregada da gestão dessa linha.
"A circulação dos trens foi logo interrompida entre (as estações) Paris-Austerlitz e Invalides (no centro de Paris). Ela foi retomada na linha C às 22h10" (locais, 17h10 de Brasília), acrescentou a fonte.
Quanto ao RER B, "houve uma evacuação das 21h40 (locais, 16h40 de Brasília) até as 21h55" (locais, 16h55 de Brasília), informou um porta-voz da RATP.
A evacuação foi feita "a pedido da polícia, em seguida a um telefonema anônimo com alerta de bomba", explicou a fonte.
"Após a inspeção da estação pelos serviços da polícia, ela reabriu às 21h55" (locais, 16h55 de Brasília), continuou.
O tráfego não foi interrompido na linha B, mas os trens não pararam na estação durante esse período, acrescentou.
As ameaças de bomba na capital francesa ocorreram no mesmo dia da última votação no Senado da lei que proíbe o uso do véu islâmico integral a partir de 2011 em espaços públicos da França, onde reside a maior comunidade muçulmana da Europa.
Além disso, estes alertas, frequentes em um edifício simbólico como a Torre Eiffel, ocorrem no penúltimo dia de um período de vigilância redobrada determinado pelo premier francês, François Fillon.
O dispositivo de segurança antiterrorista Vigipirate permanece em nível vermelho (o penúltimo), com atenção voltada para os locais turísticos simbólicos.
A decisão de reforçá-lo até 15 de setembro se deveu a um aumento da ameaça islamita contra cidadãos e interesses franceses no exterior, na região do Sahel e na península arábica, ao mesmo tempo que considera elevado o nível de ameaça no território francês.