postado em 18/09/2010 08:00
No segundo dia da histórica visita do papa Bento XVI ao Reino Unido, a polícia britânica prendeu seis homens, em Londres, sob a suspeita de tramarem um atentado. Um grupo de cinco argelinos, com idades entre 26 e 50 anos, foi detido no centro de Westminster, pouco antes das 6h (2h em Brasília). De acordo com a Scotland Yard, os homens responderão pelas acusações de ;financiamento, preparação ou instigação de atos de terrorismo;. Cerca de oito horas depois, as autoridades de segurança efetuaram a prisão de um sexto homem, de 29 anos, que também seria argelino. A polícia, no entanto, não explicou no que consistia a ameaça, nem se ela estava diretamente dirigida contra o pontífice.Os seis homens foram interrogados na tarde de ontem, enquanto policiais revistavam as residências dos suspeitos. De acordo com o Conselho Municipal de Westminster, os cinco primeiros detidos são garis que trabalham para a empresa Veolia Environmental Services, responsável pela limpeza das ruas da região. Até o início da noite, a Scotland Yard não havia encontrado nenhum material que os incriminasse.
Após as prisões, o esquema de segurança para a visita de Bento XVI foi revisado e mantido pelas autoridades, que o consideraram ;apropriado;. ;O papa está contente com sua viagem e está tranquilo;, afirmou Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano. ;Temos total confiança na polícia e não é necessário mudar o programa. A situação não é particularmente perigosa;, insistiu.
Visita aos anglicanos
O dia de ontem foi considerado histórico para católicos e anglicanos. O papa Bento XVI encontrou-se com o arcebispo de Canterbury e líder da Igreja Anglicana, Rowan Williams. Durante a reunião, o pontífice destacou o empenho da Igreja Católica em lutar pela unidade dos cristãos ;num mundo que está em perigo de desmoronar;. Wil-liams concordou e ressaltou que a presença de bispos britânicos na Abadia de Westminster, templo de sua igreja, representava essa integração. ;Nossa oração fervorosa é para que essa visita nos dê uma renovada energia e a visão para trabalharmos juntos neste contexto, em nome do que um grande pensador romano católico chamou no século passado de ;verdadeiro humanismo;: um compromisso com a dignidade humana;, descreveu.
Após o encontro, os líderes religiosos se reuniram com bispos das duas igrejas e pediram que o mundo preserve a liberdade de culto. ;O diálogo entre as religiões deve ser baseado no respeito recíproco, como também no direito de seguir a própria consciência, sem sofrer ostracismo ou perseguição, mesmo depois da conversão de uma religião a outra;, afirmou o papa durante o evento, citado pela agência de notícias italiana Ansa.
A viagem de quatro dias do pontífice ao Reino Unido ocorre um ano após o Vaticano anunciar medidas para facilitar a conversão de fiéis anglicanos descontentes com a abertura de sua igreja. Bento XVI também foi recebido ontem pela reve-renda anglicana Jane Hedges, forte defensora da presença de mulheres no clero. O papa apertou a mão da líder religiosa, um gesto inédito para um chefe da Igreja Católica.