postado em 20/09/2010 11:34
Johannesburgo - Enquanto comemora a colheita recorde de milho transgênico este ano, a África do Sul estuda exportar uma parte dos grãos para a China, cujas autoridades são bem menos hostis em relação ao produto do que outros países, e podem usá-lo para alimentar frangos.Entre 2009 e 2010, os sul-africanos colheram um total de 13 milhões de toneladas de milho, quatro delas excedentes, o que provocou uma queda dos preços e deixou mais de 10 mil agricultores, que não encontram compradores para os grãos, à beira da falência.
"A indústria não estava preparada para estas colheitas recordistas. Quando vimos o excedente, todo mundo entrou em pânico", lembra Mariam Mayet, dirigente do Centro Africano de Estudos sobre Riscos Biotecnológicos.
Além disso, "os países vizinhos da África do Sul também tiveram colheitas abundantes" este ano, o que torna mais difícil encontrar compradores para a produção da primeira economia do continente.
Atualmente, 57% do milho sul-africano é transgênico, mas as indústrias de processamento não separam os grãos modificados dos tradicionais, motivo pelo qual toda a colheita é considerada OGM (organismos geneticamente modificados).
"Mesmo alguns países que não têm leis específicas sobre os riscos biotecnológicos proíbem os OGM, como é o caso do Zimbábue", que não quer o milho sul-africano, explica Mayet.
Em abril, ecologistas quenianos impediram o desembarque de uma carga de 40 mil toneladas de milho sul-africano no porto de Mombasa.
Diante dessa situação, a África do Sul vê-se obrigada a procurar países com menos reticências - e a China aparece como o mercado dos sonhos, ainda mais levando em consideração que as duas nações estão em processo de reforçar os laços comerciais.
Uma delegação do governo sul-africano viajou para a China no começo do mês para discutir a venda do milho excedente a produtores de frango e criadores de gado.
"As negociações devem terminar em outubro, quando uma delegação chinesa retribuirá a visita à África do Sul", indicou o conselheiro do ministro da Agricultura sul-africano, Ramse Madote, ao voltar de Pequim.
Embora seja a salvação da lavoura, os agricultores temem que os preços negociados sejam baixos, devido à grande oferta.