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Depois de colisão entre pesqueiro e navio, China suspende laços com o Japão

Pequim faz mais ameaças

postado em 21/09/2010 08:00
O dragão resolveu cuspir fogo em direção à Terra do Sol Nascente. A crise começou depois que um barco de pesca chinês colidiu com um navio da Guarda Costeira japonesa, em 7 de setembro passado. Após o incidente ocorrido próximo a um arquipélago reivindicado pelos dois países, o Japão capturou o capitão da embarcação, Zhan Qixiong, e 14 tripulantes. Todos, menos Qixiong, foram soltos na semana passada. Ante a insistência de Tóquio em não o libertar, Pequim ameaçou aplicar ;firmes medidas de represália; contra o Japão por prolongar a detenção. Ouça entrevista (em inglês) com Kerry Brown ;Se o Japão persistir, cometendo um erro atrás do outro, a China tomará firmes medidas de represália e o Japão terá que suportar todas as consequências;, declarou, no domingo, Ma Zhaoxu, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês. Horas depois, os chineses anunciaram a suspensão dos contatos de níveis ministerial e provincial com os japoneses. O gabinete do premiê do Japão, Naoto Kan, fez um comentário lacônico. ;Em relação a temas individuais, é preciso responder calmamente, sem se tornar emocional;, disse o porta-voz Noriyuki Shikata. Para Ken Ruoff, historiador da Universidade Estadual de Portland e autor de O Japão imperial e seu apogeu, o leste da Ásia jamais viu o Japão e a China tão fortes ao mesmo tempo. ;Isso está ocorrendo. Há muitos detalhes a serem trabalhados com esse novo arranjo. O Japão não mais deseja ser repreendido por seu passado bélico e uma nova China confiante busca status de grande potência;, afirma. ;Haverá tensões, e esse incidente com o barco pesqueiro não será o último;, prevê. No entanto, Ruoff lembra que os dois países têm muitas razões, principalmente econômicas, para manter uma relação pacífica. Ele aposta que o diálogo será restabelecido e vê um risco mínimo de conflito armado. ;A disputa por domínio regional continuará por muitas décadas, mas há muitos motivos para se esperar que essas nações encontrem meios de se acomodar.; Adaptação Por telefone, o britânico Kerry Brown, especialista em Ásia pela Chattam House, disse não acreditar numa batalha por influência regional. ;Como a economia chinesa é maior que a do Japão, estamos assistindo a uma grande adaptação. É óbvio que o Japão está consciente de viver em uma região na qual a China está crescendo;, explica. De acordo com ele, Pequim tem vários temas históricos com o Japão e acredita que o passado ainda não foi encerrado. ;Houve vários pedidos de desculpas ao longo dos anos, e a relação entre esses dois países é bem complicada.; Brown admite que a crise atual é ;bem mais séria;, com a suspensão das visitas de alto nível cinco anos atrás, e que a situação pode se complicar após a mais recente retaliação diplomática. ;Acredito que, com a China mais forte, o Japão não libertará o capitão Qixiong, para obter algumas vantagens;, alerta. ;Mas ambos os países perderiam muito.;

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