Agência France-Presse
postado em 21/09/2010 09:20
Washington - O FBI abusou da autoridade ao investigar grupos de esquerda nos Estados Unidos após os atentados de 11 de setembro de 2001, e enganou o Congresso sobre as ações, afirma um relatório do Departamento de Justiça divulgado nessa segunda-feira (20/9).O FBI fez um uso indevido do termo "terrorismo" para investigar vários grupos de ativistas no país de 2001 a 2006, entre eles o Greenpeace, a Pessoas por um Tratamento Ético dos Animais e o pacifista Thomas Merton Center, destaca o documento.
O relatório, elaborado a pedido do Congresso, destaca que o FBI classificou as investigações como "casos de terrorismo interno", mas pouco tinha para sustentar as hipóteses.
Também relata que o FBI se baseou em "possíveis crimes", como invasão e vandalismo "que poderiam ter sido classificados de maneira diferente".
O informe também revela que o FBI "fez declarações falsas e enganosas ao Congresso" sobre as investigações, entre elas a vigilância de uma manifestação contra a guerra.
O inspetor geral do Departamento de Justiça conclui no relatório que se tratou de uma série de casos concretos e não de uma política ampla.
"A evidência não indica que o FBI dirigiu nenhum dos grupos de investigação baseado em atividades da Primeira Emenda ou crenças de expressão política".
"Chegamos à conclusão de que, em vários casos, o argumento do FBI era frágil e, de fato, em vários casos houve poucos indícios de algum possível crime federal em contraposição à delinquência local".
A União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU) afirmou que o relatório demonstra que o FBI "espionou indevidamente ativistas americanos que participam em atividades protegidas pela Primeira Emenda e tergiversou desobediência civil não violenta por terrorismo".