Agência France-Presse
postado em 22/09/2010 11:35
Bruxelas - O líder separatista flamengo Bart De Wever, cujo partido venceu as últimas eleições legislativas belgas, elevou a tensão com os valões, com os quais deve formar um governo, ao acusá-los de não assumir o passado colaboracionista.De Wever qualificou de "particularmente sumárias" as investigações relacionadas à colaboração francófona com o regime nazista durante a Segunda Guerra Mundial, em um artigo com o título "Nazistas flamengos" publicado no jornal De Standaard nessa terça-feira (21/9) e provocou polêmica.
O jornal de língua francesa Le Soir condenou as acusações em um editorial que denuncia o "jogo maligno do belga mais colaboracionista".
Esse é o mais novo episódio de tensão entre as duas principais comunidades belgas, flamengos e valões de língua francesa, cuja falta de consenso para formar um governo três meses depois das eleições antecipadas deixaram o reino em um clima de incerteza total sobre o futuro da unidade do país.
De Wever, líder do partido N-VA, que defende a independência a médio prazo de Flandres, próspera região do norte da Bélgica, justifica a acusação contra os valões com, entre outras coisas, o silêncio que envolve - segundo ele - o antissemitismo de Hergé, o criador do personagem em quadrinhos Tintin.
"Mais vale jogar toda a luz sobre o passado de uma sociedade sem deformar a realidade que julgar em virtude de uma superioridade moral fora de propóstio e de uma ignorância coletiva", afirmou De Wever, historiador de formação.
O líder flamengo argumenta que "o vínculo estabelecido entre o colaboracionismo e o movimento flamengo impede Flandres de esconder seu passado debaixo do tapete".
O avô dele, um nacionalista flamengo, foi membro de um partido colaboracionista, o VNV.