Agência France-Presse
postado em 22/09/2010 19:41
Existem "provas" para "iniciar um processo" contra Israel pela abordagem de uma flotilha que viajava em direção a Gaza pela Marinha israelense no final de maio, concluiu a missão de investigação do Conselho dos Direitos Humanos da ONU, considerando que houve uma "violação grave dos Direitos Humanos"."Há provas claras que permitem iniciar um processo pelos seguintes crimes (...): homicídio intencional, tortura ou tratamentos desumanos, intenção de causar graves sofrimentos ou graves ferimentos", indicam os especialistas em seu relatório final divulgado nesta quarta-feira e que na segunda-feira será apresentado ao Conselho de Direitos Humanos.
"Os autores dos crimes mais graves, por terem agido mascarados, não podem ser identificados sem a ajuda das autoridades israelenses", destacam, pedindo ao governo de Israel que coopere para permitir sua "identificação para processar os culpados".
No dia 2 de junho, o Conselho de Direitos Humanos havia votado uma resolução aprovando a criação de uma comissão internacional independente destinada a examinar "os graves ataques efetuados pelas forças israelenses contra o comboio humanitário de barcos" no dia 31 de maio, que deixaram nove mortos entre os passageiros turcos e geraram uma onda de críticas internacional.
[SAIBAMAIS]As provas são "tendenciosas e parciais", afirmou Israel. "Como se pode esperar de um país democrático, Israel esteve e está investigando os acontecimentos relativos à flotilha", informou uma declaração do ministério israelense de Relações Exteriores, divulgada nesta quarta-feira à noite.
O texto completou que sua própria comissão de investigação, que inclui dois observadores internacionais, estava trabalhando ainda e que Israel está de acordo em participar na comissão organizada pelo secretário-geral da ONU.
"Israel (...) considera que desta forma o incidente da flotilha é investigado ampla e suficientemente. Todo o mais é supérfluo e improdutivo", diz o texto.
"O relatório publicado hoje é tendencioso e parcial como o órgão que o elaborou", completou a declaração israelense.
Para os especialistas da ONU, no entanto, "as circunstâncias dos homicídios de pelo menos seis passageiros correspondem, de certa forma, a uma execução extrajudicial, arbitrária e sumária".
Segundo eles, a "conduta das Forças Armadas de Israel revela um nível inaceitável de brutalidade" e se traduz em "graves violações dos Direitos Humanos e do Direito Internacional Humanitário".
Para elaborar este informe, os especialistas ouviram depoimentos em Turquia, Jordânia, Genebra e Londres.
A missão trabalha paralelamente à do grupo formado pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também encarregado de investigar o ataque.
O Conselho dos Direitos Humanos da ONU sempre rejeitou a ideia de uma dupla investigação. A do Conselho "se concentrará nas questões dos Direitos Humanos", afirmou o presidente, o embaixador da Tailândia Sihasak Phuangketkeow.