Agência France-Presse
postado em 23/09/2010 15:40
Washington - Estados Unidos e Brasil souberam assimilar as diferenças em relação ao Irã, e concordam que o objetivo final é que Teerã dissipe as dúvidas sobre o programa nuclear, afirmou nesta quinta-feira (23/9) o embaixador de Washington em Brasília, Thomas Shannon."Tivemos uma área significativa de desacordo", mas "o importante é que pudemos assimilá-la em ambos os lados", disse Shannon, durante um evento no centro de estudos Wilson Center na capital americana.
Shannon afirmou que "apesar de continuarmos tendo algum desacordo em relação ao papel das sanções" do Conselho de Segurança da ONU contra o Irã, há acordo em relação ao objetivo, de que Teerã "cumpra com os compromissos internacionais e responda às profundas preocupações sobre o programa nuclear".
Brasil e Estados Unidos divergiram este ano, depois de Brasília ter fechado junto à Turquia uma solução negociada para a controvérsia nuclear entre Irã e as potências ocidentais, e se pronunciou contra novas sanções na ONU.
Nesta quinta-feira, no discurso de abertura do debate anual da Assembleia Geral da ONU, o chanceler Celso Amorim citou o Irã e disse que "apesar das sanções, esperamos que a lógica do diálogo e da compreensão prevaleçam".
No tema iraniano, "claramente, Estados Unidos e Brasil jogaram o mesmo jogo, mas com diferentes cartas na mão", disse no evento em Washington um representante da embaixada do Brasil, Ernesto Fraga. "Mas o importante é que tudo estava baseado nos mesmos objetivos", completou.
Shannon disse que o acordo alcançado por Turquia e Brasil com Irã, desconsiderado pelas grandes potências, mostrou o quão longe Teerã estava disposto a ir para evitar as sanções. "E não era suficientemente longe do ponto de vista de quase todos os membros do Conselho de Segurança", disse o embaixador. Mas a comunicação sobre este tema entre Washington e Brasília foi "muito boa" e "transparente em todos os níveis", completou.
Mais cedo, o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Celso Amorim, afirmou na ONU que o mundo não pode correr o risco de um guerra no Irã como a iniciada pelos Estados Unidos no Iraque, e pediu que prevaleça a lógica do diálogo
"O mundo não pode correr o risco de um novo conflito como o do Iraque", disse o chanceler Celso Amorim no discurso que abriu o debate anual da Assembleia Geral da ONU. "Apesar das sanções, esperamos que a lógica do diálogo e da compreensão prevaleçam", completou.
O Brasil obteve este ano com a Turquia uma solução negociada para a polêmica nuclear entre o Irã e as potências ocidentais. No entanto, a mediação não impediu a adoção de novas sanções internacionais contra o governo iraniano.