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Bombardeio aéreo mata o Mono Jojoy, chefe militar das Farc

Governo já fala no "começo do fim" do conflito

postado em 24/09/2010 07:50
A uma semana do anúncio de sua nova estratégia de segurança, o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, celebrou ontem o que chamou de ;mensagem de boas-vindas; de seu governo às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc): a morte do chefe militar da guerrilha. Víctor Julio Suárez Rojas, mais conhecido por Mono Jojoy, tinha 57 anos, estava nas Farc desde 1975 e caiu no bombardeio a um acampamento em La Macarena, no departamento de Meta (veja o mapa). ;Anunciamos as tentativas de ataques terroristas que esse grupo fez nos últimos dias e lhes dissemos que teríamos uma operação de boas-vindas. Aí está;, afirmou Santos. ;Por nossa parte, tivemos cinco feridos. Uma cachorrinha de nome Sacha é a única baixa de nossas forças que se registra na operação;, comemorou o ministro da Defesa, Rodrigo Rivera. Do lado das Farc, foi confirmada também a morte do homem de confiança de Jojoy, Henry Castellanos, o Romaña.

Em Nova York para a assembleia-geral da ONU, Santos qualificou a notícia como ;histórica; e revelou que a Operação Sodoma vinha sendo planejada havia muito tempo ; os jornais colombianos calculam que há quatro anos começaram as buscas aos cabeças das Farc. ;Autorizei a operação, que se realizou na madrugada; de quarta-feira, disse o presidente. Foram usados 30 aviões e 27 helicópteros. Fontes do Exército destacaram ao jornal El Espectador que o apoio de um informante foi definitivo. O chefe militar das Farc tinha 100 homens na escolta pessoal e vivia num acampamento de 300m;, repleto de túneis. Com 62 ordens de prisão na Colômbia, o Mono Jojoy era procurado em 186 países, segundo uma circular vermelha da Interpol. Era também um dos homens mais buscados pelos EUA, sob acusação de sequestro e narcotráfico.



;Para o governo, a morte de Jojoy significa ganhar oxigênio, na medida em que os resultados de segurança dos primeiros dias não iam bem. Então, já se deterioram aquelas vozes que começavam a sentir saudades do (ex-presidente Álvaro) Uribe;, disse ao Correio, de Bogotá, o especialista da Universidad Externado Jorge Iván Cuervo. O professor de ciência política também ressalta que, para o Exército e a polícia, significa o fim do ;mito de invencibilidade; das Farc. ;Acaba o mito de que contra eles é impossível, porque estão em zonas aonde não se pode chegar, um sinal de que não são invencíveis;, afirma Cuervo. Para os guerrilheiros das Farc, o analista colombiano acredita que se trata de um golpe muito duro. ;Primeiro, porque o Mono Jojoy representava a ala militar mais dura. Depois, porque se diz que também morreram Romaña e Carlos Antonio Lozada. Se realmente morreram, significa que efetivamente a ala militar das Farc foi golpeada, porque eles eram os herdeiros naturais de Jojoy;, completa.

Negociação
Cuervo considera que a grande questão, agora, é o próximo passo do comandante máximo das Farc, Alfonso Cano, considerado expoente de uma ala mais ;política; ou ;ideológica;. ;Essa derrota militar implica também uma derrota política;, diz. Ele recorda que, no cenário anterior à morte de Jojoy, havia maiores possibilidades de a guerrilha negociar com o governo, mas que a drástica mudança da correlação de forças no plano militar deixa às Farc duas opções. ;Ou buscar rapidamente uma negociação em termos de muita debilidade militar e, portanto, política; ou demonstrar que não estão assim tão derrotadas e mostrar força por meio de atos terroristas;, pondera Cuervo. ;Uma negociação, para as Farc, significaria aceitar as condições que o governo indicou: cessar-fogo, libertação dos sequestrados, remoção das minas e desmobilização dos menores combatentes;, enumera.

No fim da tarde, o ministro da Defesa mandou uma mensagem direta a Cano, para que desista da luta armada. ;Se não o fizerem por bem, terão de fazê-lo por mal;, advertiu.

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