Agência France-Presse
postado em 24/09/2010 14:15
A moratória na colonização israelense na Cisjordânia, que termina no final de setembro e é vital para as negociações de paz com os palestinos, é um congelamento parcial decretado pelo governo israelense sob pressão americana para favorecer a retomada do diálogo.O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu fez com que esta moratória fosse adotada no dia 25 de novembro de 2009 com uma duração de dez meses, por insistência de Washington, que a considerava necessária para um relançamento de negociações de paz.
A data exata de sua expiração deu lugar a dúvidas, já que as autoridades políticas israelenses e as organizações de colonos indicavam o dia 26 de setembro, enquanto o Exército israelense fazia referência à ordem militar 1653, divulgada no dia 26 de novembro de 2009, que fixa a data de 30 de setembro. Os territórios ocupados estão sob responsabilidade do Exército e é o Ministério da Defesa que dá a última palavra a respeito das construções.
A moratória é referente aos assentamentos da Cisjordânia, onde vivem cerca de 300.000 colonos israelenses, mas não às milhares de obras já iniciadas anteriormente nem à construção de prédios públicos, escolas e sinagogas.
Também não está incluído na moratória Jerusalém Oriental, considerado um território ocupado pela comunidade internacional que nunca teve sua anexação em junho de 1967 reconhecida por Israel, e onde vivem cerca de 200.000 israelenses, em grande maioria nos bairros de colonização.
Em junho, o movimento israelense anticolonização "A Paz Agora" havia indicado em um relatório que a moratória não teria efeito real algum se fosse interrompida, como previsto, depois de 10 meses, em razão das diversas construções iniciadas pelos colonos levando em consideração a medida.
As estatísticas oficiais mostram um aumento de 33% das construções nas colônias no quarto trimestre de 2009 em relação ao terceiro trimestre (de 447 para 593), segundo esse relatório.
Pelo menos 2.000 casas podem ser construídas nas colônias depois da expiração da moratória sem outra ordem do governo, segundo fontes governistas, e 13.000, de acordo com "A Paz Agora".
A Autoridade Palestina, que havia considerado a moratória insuficiente, exige agora seu prolongamento para dar continuidade às negociações.
Netanyahu mencionou domingo um meio termo. "Israel não manterá o congelamento, mas não construirá mais as dezenas de milhares de casas planejadas", declarou.
Autoridades israelenses deram a entender que algumas restrições à construção poderiam ser mantidas de fato em colônias isoladas.
As organizações representando colonos expressaram sua preocupação com um possível prolongamento por pressão do Ministério da Defesa, apesar das liberações de licenças de construção.