Agência France-Presse
postado em 24/09/2010 16:40
Viena - Os países árabes sofreram um sério revés nesta sexta-feira (23/9) na Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), quando a maioria dos países-membros liderada pelos Estados Unidos votou contra um projeto de resolução para fazer Israel assinar o Tratado de Não-proliferação Nuclear (TNP).No último dia da reunião dos 151 membros da AIEA celebrada em Viena, 51 deles votaram contra o projeto de resolução, 46 a favor e 23 se abstiveram.
No ano passado, uma resolução semelhante, sem caráter obrigatório, teria sido adotada por uma pequena maioria.
A União Europeia e os Estados Unidos se opuseram a esse novo texto, estimando que poderia perturbar as atuais negociações israelenses-palestinas.
Segundo eles, esse texto relativo ao Estado de Israel, considerada a única potência nuclear do Oriente Médio, também faria perigar um projeto de conferência em 2012 com vistas de desnuclearizar a região.
Washington enviou para a reunião do conselho de diretores da Agência o principal conselheiro para assuntos nucleares do presidente Obama, Gary Samore, para tentar convencer os países árabes a deixar a ideia de lado da resolução.
Pouco antes da votação desta sexta, o embaixador de Israel, Ehud Azulay, havia advertido que "a adoção dessa resolução dará um golpe fatal a qualquer esforço de cooperação futura para um melhoramento da segurança regional no Oriente Médio".
O chefe do Conselho de Energia Nuclear de Israel, Shaul Chorev, disse na última terça-feira que a assinatura do TNP prejudicaria Israel e não faz parte da incumbência da AIEA pedir que o assine.
O voto deste novo texto este ano deu lugar a exaltadas discussões entre representantes do Estado hebreu e promotores da nova resolução.
Para o embaixador americano na AIEA, Glyn Davies, "não há vencedores, nem vencidos neste voto". "O que é importante é que isso preserva uma possibilidade de se dirigir, por fim, a um Oriente Médio livre de armas de destruição em massa uma vez que a paz tiver sido instaurada", acrescentou.
Israel nunca desmentiu, nem confirmou ter um arsenal nuclear. Durante o debate, no começo da semana, durante a assembleia geral da AIEA, Shaul Chorev disse que a assinatura do TNP por Israel ia contra os interesses nacionais do país.
O TNP, que entrou em vigor em 1970, foi assinado por 189 países. Só três - Índia, Paquistão e Israel - não o fizeram. A Coreia do Norte assinou o tratado, mas o violou várias vezes e se retirou dele em 2003.
No fim de maio, a conferência de acompanhamento do TNP aprovou por consenso uma declaração final na qual se prevê a celebração, em 2012, de uma conferência internacional a favor da criação de uma área livre de armas nucleares no Oriente Médio.