Agência France-Presse
postado em 26/09/2010 12:06
Os venezuelanos começaram a votar, este domingo (26/9), em eleições legislativas cruciais, nas quais o presidente Hugo Chávez conta em eleger uma confortável maioria que garanta o avanço de seu projeto político, e a oposição espera retornar ao Parlamento após cinco anos de ausência.O dia eleitoral começou às 6h (locais, 7h30 de Brasília), com a abertura das primeiras seções eleitorais, embora desde a madrugada se tenha ouvido, nas ruas, a tradicional alvorada que desperta os venezuelanos para a votação.
Uma hora antes da abertura dos colégios eleitorais, Chávez falou aos cidadãos pela televisão para lembrá-los que está em jogo o "futuro da Venezuela", "a democracia" e a "Pátria socialista".
"Não podemos deixar esta batalha para nossos filhos, temos que consolidar este processo", insistiu o chefe de Estado, que considera estas eleições um preâmbulo das presidenciais de 2012, nas quais aspira a um terceiro mandato de seis anos.
Desde a noite de sábado e consciente do desafio, o presidente não parou de postar mensagens em sua conta no microblog Twitter, incitando ao voto.
"Todos e todas ao toque de diana (nr: alvorada) e à ofensiva! Vamos demonstrar novamente que a Revolução veio para ficar! Que ninguém fique sem votar", conclamou o chefe de Estado.
No total, mais de 17,5 milhões de venezuelanos elegerão 165 deputados para os próximos cinco anos, depois de uma legislatura atípica na qual a Assembleia Nacional (Parlamento unicameral) foi dominada quase que totalmente pela situação.
Em uma decisão hoje considerada um grave erro, a oposição decidiu não participar das eleições parlamentares de 2005. Hoje, volta à vida parlamentar e o faz unida em uma coalizão eleitoral chamada Mesa de Unidade Democrática que, deixadas de lado as suas diferenças, tem o objetivo comum de frear os planos políticos de Chávez.
Desde 2005, o Parlamento tem trabalhado sem obstáculos para acelerar o projeto político socialista do presidente, aprovando com êxito leis consideradas fundamentais ou outorgando ao chefe de Estado poderes excepcionais para governar.
O governo sabe que esta situação não pode se repetir e aspira a conquistar dois terços das cadeiras da Assembleia - 110 -, cifra que permitiria uma ampla margem de manobra nos próximos cinco anos.
"Porque a partir de 27 de setembro, o objetivo deste governo é que o presidente chegue o mais forte possível a 2012", explicou à AFP o analista John Magdaleno.
O próprio presidente já reconheceu que sua campanha para as presidenciais de 2012 já começou e que a Revolução Bolivariana, liderada por ele, não terá descanso nestes dois anos.
Por isto, a campanha do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), de Chávez, foi avassaladora, agressiva e triunfalista durante mais de quatro semanas.
"Nunca mais perderemos eleição alguma", ressaltou o presidente, protagonista desta campanha.
Com uma energia que parece inesgotável, Chávez tem liderado multidões vestidas de vermelho, que o aclamam e o enaltecem nos bairros mais pobres de Caracas porque continuam acreditando nele 12 anos depois de sua primeira eleição e apesar dos graves problemas que têm castigado a Venezuela.
São exatamente estas mazelas, a começar pela violência que castiga Caracas todo fim de semana, seguida da inflação que não permite a boa parte da população chegar ao fim do mês ou a falta de moradia, o desemprego e os ataques à propriedade privada pelo governo, têm sido os argumentos da oposição nesta campanha.
O governo venezuelano destaca que se a oposição controlar algum dia a Assembleia Nacional, enterrará todos os programas sociais de saúde e educação, lançados pela Revolução Bolivariana. Os detratores de Chávez, por sua vez, asseguram que só um Parlamento multicolorido, no qual todas as forças políticas tenham lugar, é garantia de democracia e progresso.
As seções eleitorais fecharão as portas às 19h30 de Brasília e segundo estimativas, os primeiros boletins de resultados deverão demorar várias horas até serem divulgados.